quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

RESENHA: A DESECULARIZAÇÃO DO MUNDO: uma visão geral ( Berger)

O autor introduz o texto fazendo uma crítica diplomática sobre um projeto fundamentalista fomentado pela empresa MarcAtur. Este projeto foi, no entanto considerado por Berger como algo que não tinha tamanha relevância em mover milhões de dólares para se pesquisar sobre o fundamentalismo religioso.
No seu discurso sarcástico, o autor levanta conjecturas no intuito de compreender para que este projeto foi elaborado. O mesmo faz vários questionamentos e dar a resposta de uma forma que evidencia a sua crítica.
Berger com este trabalho tenta demolir a tese de que o mundo está secularizado. A idéia de que o aspecto da religião tenha se tornado algo comum e que tenha sofrido um declínio ao longo dos anos tornando-se um mundo menos religioso o que de fato “é mentira”. Berger considera o mundo atual tanto religioso quanto antes. Se com o surgimento da modernidade as crenças, a busca por um ser divino e sobrenatural sofreu uma grande decadência por conta dos adeptos, este problema está mais ligado a instituição religiosa e não as crenças ou a fé das pessoas. A modernidade causou grandes impactos com as instituições, principalmente aquelas que tentaram se adequar a esse mundo moderno, enquanto as que continuaram com seu tradicionalismo conseguiram se sobressair.
Berger reforça a idéia de que a questão do mundo hoje continuar mais sagrado, é pelo fato de que nas pessoas o sentimento religioso não morreu, nas suas mentalidades ainda cultuam e buscam a imagem do sagrado para a compreensão e explicação das coisas que acontecem. As pessoas sentem necessidade de algo divino que possa lhe dar esperança, melhoria de vida, resoluções de problemas e a busca por salvação. Com isto há vários surtos de fenômenos religiosos que cresce exacerbadamente em número de adeptos e tornam-se mundialmente conhecidos. Um dos exemplos é o fenômeno evangelista.
Berger analisa que na religião internacional o evangelismo está cada vez mais desenvolvido, isto dar-se por conta que estas religiões não caíram no erro de se adequar a modernidade. No texto é citado vários exemplos como o judaísmo, o islamismo, o budismo que são tratados como surtos ou fenômenos religiosos. Com esta análise logo Berger nega o fato haja a secularização. Existem muitos movimentos religiosos semelhantes, daí ele fala de uma contra secularização que seria o oposto, tudo como uma volta do sagrado. Porém quando Berger fala de contra secularização de uma possível reação as forças secularizantes, logo ele reafirma que existe ou existiu a secularização tese da qual ele lança várias críticas.
Segundo Cecília Mariz na interpretação deste texto de Berger ele não nega nem um termo nem outro, mas ela explica o que Berger tenta propor em relação a estes dois cursos é que ambos são “frutos da relação dialética entre religião e modernidade”. Para a autora o autor reconhece que o termo secularização é uma “dimensão que marca a sociedade contemporânea” porém é ainda limitada.
Berger refere-se sempre no seu texto para que fim está voltado o seu estudo que se resume em analisar os surtos de fenômenos religiosos que tem crescido significativamente e ganhado forma no mundo modernizado. Com isto, cita dois exemplos – o evangelismo e o islamismo. Berger neste momento descarta o termo fundamentalismo, pois para ele, usar este termo ao comparar as duas religiões seria impróprio.
No caso do islamismo, a religião tem uma quantidade de adeptos fora do comum, porém só aderem estas religiões os povos originários do Oriente Médio ou ainda os muçulmanos que moram em outros países. Enquanto que o evangelismo, os seus adeptos abrangem todo o mundo e podendo aderir-se a este movimento qualquer tipo de pessoa.
Segundo Berger ao analisar as relações entre ambas as religiões e a modernidade, o islamismo, apesar da cultura e dos costumes islâmicos, voltados especificamente para o âmbito religioso, “este não é menos modernizado” ou atrasado, mas faz-se necessário entender que no contexto do Oriente Médio e no âmbito da própria religião islâmica, há diferenças religiosas e políticas, havendo entre estas convergências ou divergências que dependem muito do lugar e das relações políticas que exercem e ainda as relações com as diversas realidades modernas.
Acrescentam-se ainda outras diferenças entre o evangelismo e os fundamentalistas mulçumanos, que segundo Cecília Mariz, os muçulmanos formam um estado religioso, enquanto que os evangelistas não tem essa pretensão e os seus adeptos se encontram espalhados por todo o mundo, principalmente na América Latina onde este fenômeno aconteceu com maior intensidade.
Segundo Cecília Mariz este texto é um pedido de desculpas por Berger em alguns dos seus trabalhos ter optado por defender a idéia de secularização, porém neste ele não a nega definitivamente, mas procura compreender como o processo de secularização e desecularização estão ligados a modernidade e ao fundamentalismo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

HISTÓRIA TAMBÉM É CULTURA: Nova Olinda e Santana do Cariri



A Região do Cariri é privilegiada pelo seu acervo historiográfico riquíssimo, onde todas as histórias locais dos municípios caririenses estão eivadas de mitos e lendas que contam a gênese do Homem Kariri. Um exemplo vivo é a Casa Grande de Nova Olinda, hoje conhecida como Fundação Casa Grande e no século XVIII, Casa de Tapera, que deu Origem ao povoado de Nova Olinda.
A História da fundação desta cidade está intimamente ligada a Casa Grande, que fora construída ainda no século XVIII. Feita com material de tapera, contendo apenas duas paredes servia de abrigo para comboeiros que por ali passava. Neste tempo, conhecido aqui no Ceará como “o ciclo do couro”, a região se tornou muito privilegiada, por ser propícia para a plantação de pasto e a criação do gado. Daí então, começa o povoamento da cidade, onde, as pessoas vinham e se arranchavam na pequena tapera, que foi ficando cada vez maior e parecida com as casas grandes de fazenda. Foram construídos ao lado da casa uma igreja e um cemitério. Com o tempo as pessoas que vinham para este local foram construindo suas residências e formando o povoado que passou a se chamar Fazenda de Tapera.
Como todo o acervo historiográfico da região tem muito de mitologia, conta a lenda que um certo padre que vinha de Olinda, Pernambuco, estava por ali de passagem e foi pedir abrigo na casa, logo o pedido lhe fora negado e o padre ficou a mercê na calçada da igreja. As pessoas do pequeno lugarejo pediram ao padre para derramar a sua benção sobre o local e dar-lhe um novo nome, pois aquele era um tanto feio. Nesta ocasião o clérigo nomeia o lugar de Nova Olinda, para que as pessoas lembrassem que ali lhe negara abrigo. E num discurso profético faz um prenuncio de que aquela casa nunca deixaria de ser de tapera até a sua quinta geração.
Passado um século a casa foi comprada por um senhor e uma senhora que tinha cinco filhos fruto do seu enlace matrimonial, e mais dois adotivos. Daí em diante a casa foi passando de geração em geração, sobre os cuidados deste tronco familiar. Atualmente, está sobre a tutela de Alemberg Quindins, neto de Neco Tranjano e dona Santana, e sua esposa Rosiane Lima Verde, que reformaram a casa, e com o desejo de resgatar a história do homem cariri, transformou a casa em um Memorial do Homem Cariri, onde conta todo o percurso da história dos nativos da tribo Kariri, sua arte, sua cultura e seus costumes. Além de retratar toda a história da Cidade de Nova Olinda.
A casa desde 1992, é conhecida como a Fundação Casa Grande de Nova Olinda, onde dispõe de vários projetos educacionais que subsidiam crianças pobres da cidade e dos arredores. E tornou-se Patrimônio Histórico da Humanidade.
Outra história interessante é a de Santana Do Cariri que está registrada no Museu da cidade, no Museu dos Fósseis e no Pontal de Santana.
O Museu da cidade retrata a história de um Coronel muito renomado de Nome Felinto. Ele vivia em guerra com outros coronéis da região, que vinham invadir a sua casa. Prova disto, é que a casa do coronel Felinto é toda protegida, desde o teto até o piso de madeira, que em baixo, contém um grande sóton, onde os residentes da casa se escondiam nos tempos de invasões. O sóton contém várias entradas para a passagem de ar, que são discretos buracos, em formato de hélice, muito bem arquitetados. E o teto todo coberto de madeira e a conzinha com teto de bronze, tudo muito bem idealizado.
As peças contidas no Museu fazem parte da historia dos moradores da casa, onde são expostos móveis antigos pertencentes aos familiares do coronel Felinto. Na cozinha há uma mesa imensa de madeira (cedro) e ali dispunham de muita fartura no banquete, pois contam que chegavam a comer um boi por dia.
A Casa lembra muito as construções de modo barroco, e tem uma vista muito bonita, cheia de portas e janelas que remonta a arquitetura das casas de fazendas do século XVIII.
Já o Pontal de Santana é um lugar belíssimo e é ponto turístico da cidade de Santana. Conhecido como Pontal da Santa Cruz é um ponto de observação privilegiado, localizado próximo à cidade de Santana do Cariri, acima do povoado Cancão Velho, de onde é possível ter uma vista panorâmica da região. O Pontal, posicionado a uma altitude de 750m, impressiona pelo contraste entre as cores avermelhadas de sua composição rochosa, e o verde da densa mata que o circunda.
OMuseu de Fósseis, também é marcante, pois contém o mais rico acervo fossilífero da região, onde se encontram diversos animais cristalizados nas rochas entre os quais estão insetos, peixes, sapos, plantas e etc. Dentre vegetais, alguns apresentados se encontam extintos assim como animais também a milhões de anos extinto, a exemplo os dinossauros.