quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

CRÍTICA A FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL

Desenvolver uma análise a respeito da obra “A crítica da filosofia do direito de Hegel, torna-se um tanto difícil sem que se tenha um conhecimento prévio a respeito de Hegel e do seu pensamento. Porém, a priori, o que se pode notar depois de uma breve leitura sobre o texto, é que Karl Marx não quis somente fazer uma crítica a Hegel e não tão somente recriminar a religião, mas, sobretudo, tinha ele o intuito de lançar uma crítica ferrenha ao Estado alemão defendido por Hegel. 

 Marx, para chegar ao seu objetivo de fato, começa por fazer uma crítica à religião. Segundo ele, a crítica da religião seria a premissa para todas as críticas. Neste momento é notória a repulsa de Marx pela crença religiosa. A religião é o “ópio do povo”, ele deixa claro. Enquanto o ser humano buscar a sua superação nos seres, entidades e objetos religiosos, este não poderá se reconhecer como um ser, que terá a mesma potência, sem que esteja voltado à um contexto religioso. A religião, segundo Marx aliena o homem. A busca incessante pelo sobrenatural define o seu estado de miséria. Enquanto ser racional dotado de capacidade, o homem pode se tornar um ser supremo, que pode se realizar e superar os seus anseios sem o auxílio da religião. Sendo assim, imbuído deste pensamento crítico, é que se daria a supressão da religião. Porém, para Marx, enquanto o homem se encontrar arraigado aos princípios religiosos, enquanto este acreditar que existe um ser supremo que rege todas as coisas e que sua vida decorre em torno deste, o homem se torna então um ser alienado, por si próprio, pois segundo ele, a religião é a auto-alienação do homem. 

 Como Marx não pretende somente lançar críticas à religião, mas sobremodo ao estado alemão, este, não se abstém em tercer criticamente censuras sobre a maneira como este atuava, e o modo como este foi sendo projetado no decorrer do tempo. É interessante observar, que o pano de fundo, na qual é tecida toda a crítica, é justamente o pensamento hegeliano em relação ao Estado que lhe serve de base. Marx então julga o Estado alemão como retrógado, atrasado e se refere a ele como “o passado dos outros estados europeus” e nas entrelinhas, critica o pensamento abstrato de Hegel, culpando-o em parte, pelo atraso fenomenal da Alemanha. Além disso, o estado alemão é, ainda, opressor. Utilizando-se de amarras que impedem o pleno desenvolvimento do povo, ele o aliena. Para Marx as amarra supracitadas são meios de opressão, aceitável pelo o homem a medida que ele se reconhece e constitui-se parte disso. Neste caso se auto-aliena. Neste sentido, para Marx, são amarras que impedem o pleno desenvolvimento do homem: à religião, a fragmentação da sociedade em classes e nações. 

 Marx acredita que para o ser humano ser liberto de toda esta opressão, seja necessário fazê-lo acordar. Como então fazer isso? Forçando o povo a enxergar que estar sendo oprimido inserido neste sistema. É fazendo com que, as dificuldades impostas ao povo alemão sejam ainda mais penosas para fazê-lo reagir a este processo e se dar conta da sociedade injusta em que vive, tentando de alguma maneira modificar essa realidade. É aí que entra a questão do proletrariado, o pano onde se tece toda a teoria marxista. Marx identifica no proletáriado o gérmen da subversão à estrutura vigente. Ele afirma que por esta ser a classe mais oprimida e explorada, acordará de seu sono alienante, percebendo a opressão antes que as outras. Aí então se rebelará e se livrará das amarras opressivas. Neste caso, Marx proclama a luta de classes como o motor da história e a classe proletária como a classe que subverterá a atual ordem mundial.