sábado, 21 de novembro de 2009

Emile Durkheim: As Formas Elementares da Vida Religiosa


Objetivando fazer uma análise do texto de Durkheim, com a finalidade de compreender o surgimento das diversas religiões e através dos múltiplos elementos e símbolos dos quais está constituída, buscar entender de forma mais complexa por via de elementos comuns, que está presente em todas as religiões, como que a religião se interpõe em nosso meio como uma instituição que tem como elemento fundante o próprio ser humano, para este fim é que se dirige o trabalho em questão.
O primeiro texto introdutório refere-se propriamente aos métodos usados pelo sociólogo, para compreender o seu objeto de estudo de forma elucidativa. Desta modo ele, usufrui da sociologia que tem por objeto de estudo entender o homem atual, e se apropria deste conceito especialmente, no que se refere à esfera religiosa que é imanente do ser humano e que está presente em todo o comportamento humano.
Neste intuito, Durkheim para compreender As Formas Elementares da Vida Religiosa, faz uma análise das religiões primitivas australianas onde o mesmo explica que são nas religiões mais simples onde se podem encontrar elementos comuns de todas as religiões, até mesmo as mais atuais. Muitos destes elementos que veremos no decorrer do trabalho de Durkheim, estão presentes as cerimônias, os rituais e a fé. Estes segundo o sociólogo são elementos imutáveis que está presente em todas as religiões. Desta forma o sociólogo através das religiões primitivas tenta compreender a natureza religiosa do homem.
“Todas as religiões são comparadas e entre elas tem elementos em comum. Faz-se necessário retroceder as formas primitivas para entender que todas as religiões são “igualmente religiões” desde as mais primitivas até as mais atuais. Todas nasceram de uma necessidade humana e são expressões evidentes dos desejos e anseios do homem em busca pelo Transcendente.

Durkheim afirma que a religião tem sua base no real. Ou seja, é uma instituição humana, que surgiu de uma necessidade do ser humano. Portanto ele a concebe como verdadeira. Nenhuma instituição formada pelo homem está baseada no erro. Todas são verdadeiras, são reais, nasceu de uma necessidade real do ser humano. Segundo ele a religião como instituição não poderia de forma alguma subsistir no erro, pois a mesma está fundada na natureza das coisas e, contudo se esta encontra resistência nas coisas, seria, no entanto aniquilada.
No decorrer da obra Durkheim faz uma relação entre ciência e religião especificando o papel de cada uma. A religião tem por finalidade explicar o abstrato, as razões que a ciência não conseguiu ainda explicar. A ciência contraditoriamente explica o concreto, o real. Sendo a religião uma instituição humana e, portanto real, esta passa a ser objeto de estudo da ciência. Desta forma não há como a ciência negar a existência da religião, segundo Durkheim, a ciência intervém na religião quando esta tende a dogmatizar a natureza das coisas.
Ele também faz uma explanação ao que se refere às categorias. O que são as categorias? São elementos essenciais da vida humana. São as categorias de tempo, de espaço, de gênero, número, causa, substância e personalidade. Segundo o autor o homem não sobreviveria fora das categorias e estas tiveram sua origem na religião e da religião. Ele ao analisar as religiões primitivas australianas observou que estas estavam presentes em todas elas.
As categorias são de suma importância para o ser humano. Elas servem para religar o homem a sociedade e são inseparáveis do pensamento humano. São produtos do pensamento coletivo. Não há como pensar e existir fora do tempo e do espaço. As categorias servem para estruturar o nosso pensamento. Elas são por natureza mutável, pois assim como as sociedades passam por mudanças, estas também se transformam.
Segundo o autor há duas concepções para compreender as categorias. A concepção apriorista e a concepção empirista. Para a primeira as categorias são anteriores a qualquer experiência subjetiva. Já para a segunda as categorias são construídas a partir dos sentidos, das experiências particulares.
Nota-se neste capítulo que o autor da obra tende a uma aceitação da concepção apriorista. Segundo ele o homem é um ser dual, dotado de duas consciências: a consciência coletiva e a consciência individual e ao fazer a junção destas duas se torna mais fácil compreender a formação das categorias. No entanto, estas resultam e advém do coletivo. A coletividade seria, no entanto, o produto de uma cooperação bastante ampla, existente no tempo e no espaço.
O autor ainda ressalva os elementos considerados eternos na religião, que são aqueles que até hoje subsistem em todas as demais religiões. São eles as cerimônias, os rituais e a fé. Estes elementos, no entanto tonifica a religião. Estes são criados e recriados pela coletividade. É fruto do comportamento social e parte relevante dos ideais sociais dos indivíduos. Mas para que a religião de fato exista e se sustenha faz-se necessário que estes elementos tenham um fim útil. Se assim não for ela definhará.
Os ritos a fé e até mesmo o próprio termo de sagrado perpassam no tempo e se eternizam nas religiões modernas e contemporâneas. E este é de fato o propósito ao qual Durkheim queria chegar com As Formas Elementares da Vida Religiosa, encontrar elementos comuns que explicasse a origem de todas as religiões como sendo construção da necessidade humana.

5 comentários:

  1. O texto escrito pela Professora Ana Cássia demonstra uma sobriedade intelectual de quem realmente conhece a fundo a pertinência da religião enquanto condição antropológica. A religião faz parte da vida humana, por isso Platão no auge de sua filosofia já afirmara categoricamente que o "Homem é um ser essencialmente religioso". Se fizermos um retorno anaminético a história de nossos ancestrais desde sua mais rudimentar linguagem, seriamos capazes de constatar que o espírito humano sempre esteve inclinado ao sobrenatural, por isso a gênese dos cultos e rituais das mais variadas tipologias simbólicas. Por isso, a religião é a expressão mais significativa da condição humana dentro do macrocosmo cultural, pois conecta o imanente com o transcendente, fazendo que a deidade se humanize e humano seja deificado. Neste parâmetro, fico feliz por participar deste blog, que de forma inequívoca será um contributo epistemológico imprescindível para um conhecimento mais refinado sobre a cultura religiosa de nosso tempo.
    Parabéns pela iniciativa e sucesso pela contribuição inequívoca para
    Grata Jerlândia Félix.

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  2. Obrigada querida Jerlândia pelas ilustres palavras!!! E eu pude perceber de perto o quanto a divindade e o ser humano podem está conectados, uma vez que chegamos a confundir se é a pessoa ou a própria dividade que está ali presente. Momentos extraordinários... de fé, de amor e de paixão.

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  3. O texto ficou muito bom! É importante se fazer um resgate das obras de Durkheim, não só em relação a religião, mas também das normas sociais que aborda muito bem.

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  4. Durkheim utiliza da simbologia da religião enquanto crença e ritual, para se identificar o controle social que os fatores coercitivos exercem sobre o individuo. A religião a cultura ela de alguma forma une e ao mesmo tempo separa as pessoas.Em todas as sociedades sendo elas primitivas ou não vai haver essa semelhança da utilização do abstrato do surreal para se entender a realidade.

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  5. Foi assistindo o vídeo da Palestra :
    Prof Clovis de Barros palestra em bh pela unimed 2009 Deus

    Publicado em 23/05/2011,O Professor cita e recomenda Emile Durkheim: As Formas Elementares da Vida Religiosa , por isto encontrei seu Blog e dele quero participar pois sou o tipo de pessoa "apaixonada por temas revestidos de religiosidade, mitologia e cultura." Sou Ecumênica e quero encontrar depressa os elos concordantes que fazem da Religião esse Porto Seguro,o que leva e traz Deus nas nossas vidas.Agradeço por dedicar este espaço ao estudo e compreensão da razão de ser e estar no Caminho da beleza e da verdade.


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