Nos relatos por meio dos bilhetes em agradecimento de curas no milagre, obtidos especificamente por doenças físicas atípicas do corpo humano e outras graças existentes na Casa dos Milagres em Juazeiro do Norte, alguns chamam a atenção pela experiência de fé expressa pelo fiel, que envolto pela crença intrépida no Padre Cícero, encontra nele o acalento para suas dores cotidianas.
A fé é uma experiência pessoal e intransponível. No caso de Raimundo Augusto da Silva, a sua mãe se tornou mediadora, pois vendo o filho pequeno e doente, sobretudo desenganado pela ciência terrena, busca solução na intervenção divina, valendo-se da fé autentica para salvá-lo. O mais curioso é que a fé devota, para o fiel não basta para que a cura aconteça – carece de permuta, de favores entre o necessitado da graça e o santo protetor. A promessa se torna de fato um contrato, pois quando valida pela intercessão do santo, o cumprimento da mesma é feito sem reservas e neste caso, pagá-la é uma lei santa que não pode ser revogada. Sendo assim relata em um bilhete emoldurado, que não data ao certo a época em que foi trazido o objeto da permuta pela graça.
“RAIMUNDO AUGUSTO DA SILVA, nasceu em 9 (nove) de Julho de 1950, muito doente. Ficou em constante tratamento durante 1 (um) ano e 8 (oito) meses e mesmo assim foi desenganado por todos os médicos. Nessa ocasião fiz uma promessa a Bendita Alma do Meu Padrinho Cícero Romão Batista, de que se meu filho sarasse, eu contaria a estória do milagre, num quadro com duas fotos, uma da época da doença e outra depois de curado, emolduraria e colocaria no pé da estátua do santo Pe e para a minha alegria ele se recuperou imediatamente, ficando completamente curado[...]. Assim sendo, agradeço a graça recebida e cumpro a minha promessa”.
A senhora Maria Socorro da Silva, foi contemplada pela cura inequívoca do filho, e assim sem hesitar cumpriu o prometido e sacralizou ainda mais sua relação com o santo de sua devoção. Não importa neste caso, explicações da ciência médica para o fato, o que se constata por meio desta mensagem é a experiência de fé intocável desta senhora que, dispensa os dados científicos para explicá-la. Ela agradece cheia de fé, ao feito que para ela se tornou marco histórico e digno de anuncio para os que assim queiram apreciar seu testemunho.
“Assim sendo, agradeço a graça recebida e cumpro minha promessa. Por ser verdade o que aqui relato, assino o presente documento, eu a mãe do mesmo e deixo meu endereço, para que qualquer pessoa interessada em verificar a veracidade dos fatos aqui relatados, possa fazê-lo”.
São muitas as graças concedidas e que seguem agradecimento nos bilhetes, juntamente com os ex-votos dependendo da graça, ou em envelopes que são deixados em caixas, cestinhas confeccionadas de material de palhas e outros são deixados aos pés da imagem do Padre Cícero no interior da Casa dos Milagres.
Em outro bilhete que encontramos datado de 21 de Julho de 2006, nos chama a atenção a gratidão da fiel que se configura nos incontidos agradecimentos pela presença espiritual, do santo sobremodo, porque este esteve presente no momento em que se entrelaçavam pelo sacramento do matrimônio. É notória a convicção religiosa da cristã que pede a intercessão do Padre Cícero para a proteção familiar, sobremodo do seu filho. O Testemunho escrito realça o contrato com o santo, que portado de prestígio diante de Deus, tem o poder de favorecer a devota com graças inefáveis. No relato, a mulher se remete diminuta, pecadora, por não ser tão reta perante Deus, e pede de forma complacente para que seu filho não venha a pagar pela vida desregrada segundo a sua compreensão, praticada pela mesma no passado. Ela acredita que a herança do pecado produz efeitos mórbidos na própria posteridade familiar. O Padre, enfim, tem o poder de imunizar seu bebê livrando-o dos males hereditários. Assim relata:
“Primeiro gostaria de agradecer a presença no meu casamento, fiquei honrada com a sua presença, me senti muito feliz e calma, (...). E venho também por meio desta Carta te pedir mais uma graça, essa a mais importante de todas, a SAUDE do meu bebê. O senhor é o padrinho dele e como presente eu gostaria que o senhor desse a ele uma vida saudável, ele merece. Eu cometi muita bobagem o que ele não merece pagar. Se tiver seqüelas que tenha pra mim. Sei que posso contar com o senhor meu Padim Ciço e já agradeço por que sei que o senhor vai me ajudar no meu parto que será logo, logo(...). E estou ansiosa esperando sua presença no dia do nascimento do meu bebê. Eu entrego a saúde do meu filho em suas mãos e sei que vai dar tudo certo”.
Também pode se verificar que a mulher manifesta um “complexo de culpa” por sua vida precedente e além de interceder pela vida do filho, ainda propõe ao Padre Cícero o apadrinhamento para ratificar ainda mais a proteção inequívoca do mesmo. O contrato se estabelece no ato da promessa, pois a mulher já manifesta sua fé autentica, que traduz a eficiência milagrosa do Padre Cícero. Ela fala que sentia a presença do santo no dia do casamento e já tem certeza no dia do parto que tudo transcorrerá dentro da normalidade.
É notório neste relato a preocupação concreta com sua vida conjugal e familiar e impossibilidade sem o auxílio divino de prever o seu próprio futuro, e ancorada na intervenção miraculosa do Padre, tudo será encaminhado de forma profícua. Contudo, mesmo crendo na epifania da ação do santo, a promessa se consumará no seu cumprimento por parte do santo, quando da graça alcançada e manifesta em sinal de retribuição a graça alcançada.
Neste outro relato, a felicidade do devoto se concretiza na cura tornada fato, tendo como foco a família Kress, que constatou a reabilitação extraordinária da saúde de Eugen. O fato foi que a perna deste esteve prestes a ser amputada, e que ao interpelar a alma do Padre Cícero por intermédio de uma promessa sente o seu pedido ser atendido sem reserva pela Bendita Alma do Santo protetor. A Cura neste caso já não podia ser efetivada pela medicação humana, pois a diabetes crônica já postulava a amputação posterior de um dos membros inferiores do senhor Eugen. Nesta circunstância, entra em sena, a fé indiscutível da esposa, que não perdendo as esperanças intercede convictamente e sente com o coração que aos fiéis do padre Cícero a solução está sempre presente.
“A Família KRESS, residente no Rio de Janeiro, vem testemunhar, em nome de Deus, a graça alcançada pele intercessão da alma do Padrinho Cícero Romão Batista, pela recuperação da saúde de seu esposo EUGEN, cuja perna esteve ameaçada de amputação por uma diabetes crônica. Fica este testemunho como prova da verdade”.
O milagre se concretizou, fruto da fé, e do poder do Padre Cícero que como santo protetor, manifesta sua práxis miraculosa em situações aparentemente insolúveis, aos olhos da ciência. O testemunho escrito, segundo a devota, comprova o fato da manifestação poderosa do Padre Cícero, que curou de forma indubitável a enfermidade relatada.
Pode se notar semelhanças entre o primeiro relato analisado com este último. De ambas as formas as devotas, fazem uma analogia involuntária entre a fragilidade da ciência puramente humana, que não consegue curar a enfermidade citada. A ciência divina, mesmo oculta aos sentidos externos, opera historicamente, restabelecendo a saúde por completa, onde a intervenção humana se torna limitada.
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