O Romance o Seminarista
destaca-se como um dos escritos mais críticos de Bernardo Guimarães. Este livro
foi escrito em 1872. Nele o autor utiliza-se de uma linguagem simples que é sua
característica peculiar - contudo com fisionomia realista. Seu estilo claro,
conta com maestria o cotidiano das províncias brasileiras no sec. XIX. Neste
livro, Bernardo Guimarães tece críticas pertinentes ás vocações impostas do seu
tempo, expondo a sociedade patriarcal com todas as suas vicissitudes em que os
filhos são destinados a seguir uma carreira “promissora” que é estipulada pela
família e não pela inclinação pessoal dos mesmos. O Romance O seminarista é
observado pela crítica como uma obra que se opõe de forma inconteste ao
celibato clerical. Contudo, a desdita de Eugênio por ingressar no seminário é
fruto de uma vida muito ligada aos pais, de intocável obediência pelo menos
aparentemente. Ele desde criança tem uma ligação muito direta com sua amiga
Margarida que juntos cresceram de forma muito íntima, no sentido de efetivação
de um sentimento juvenil – deixando fluir um amor que tem suas raízes desde a
infância dos dois personagens. Concomitante a relação afetiva com Margarida
estava a inclinação de Eugênio pelas coisas sacras, e este fato traduzia para
seus pais sua vocação incondicional para o presbitério, que era uma função de
relevante prestígio na época. Neste caso a crítica está no fato da atitude dos
pais que impõem ao jovem o caminho do sacerdócio, e nos padres do seminário de
Congonhas, que vendo no jovem dons
intelectuais para o ornamento futuro da Ordem, tudo fazem para subjugá-lo. Eugênio é vitima da vontade alheia.
Este blog foi criado especialmente para todas as pessoas que são apaixonadas por temas revestidos de religiosidade, mitologia e cultura. Sejam todos Bem vindos!!!
sábado, 26 de novembro de 2011
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
"Por trás da fé" - José Nilton Mariano Saraiva
Aos fatos (reais): 1) uma sofrida mãe, beata católica de carteirinha,
que de repente descobre que os seus sete filhos, todos do sexo
masculino, haviam sofrido abuso sexual por parte do magnânimo e caridoso
padre de uma comunidade de Boston (EUA); 2) homens, já formados, hoje
casados e pais de família, que convivem com as teimosas e dolorosas
recordações da meninice, quando foram vítimas indefesas da mesma figura
(bem como com a lembrança de colegas que optaram pelo suicídio, por não
suportarem o “peso da cruz”); 3) um diligente advogado - iniciante,
esperto e à procura de projeção, evidentemente - disposto a ir fundo na
tentativa de resgatar a dignidade dos clientes; 4) acomodados membros do
poder judiciário, corruptos, blindados e indispostos em abrir o sigilo
de documentos comprometedores (até que uma nova juíza, destemida e
disposta a encarar a fera, surge); 5) repórteres de um influente jornal,
que optam por “chutar o pau da barraca” e divulgam o contido nos
documentos que lhes chegam as mãos; e, 6) no centro disso tudo, a Igreja
Católica, vilã e responsável por tanta dor e sofrimento, a manobrar e
praticar o “jogo pesado”, a fim que a verdade não venha à tona.
Esses, os elementos da trama que fazem com que o filme “POR TRÁS DA FÉ” (baseado em “fatos reais”) nos dê a oportunidade de tomar conhecimento da criminosa (e secular) atuação dos “padres-pedófilos”, que infernizaram a vida de muitos (e deixaram cicatrizes profundas e incuráveis), por esse mundo afora.
Aqui, especificamente, a história é centrada no “cardeal” americano Bernard Law (evidentemente que um dos eleitores do Papa) que, mesmo tomando conhecimento dos hediondos crimes praticados em sua Diocese (Boston/EUA), prefere apenas (e irresponsavelmente), transferir os acusados para outras paróquias distantes (onde continuaram a fazer e praticar a mesma sujeira, sem serem importunados).
Com a estrondosa repercussão do caso pela Imprensa, o advogado finda por conseguir permissão da nova Juíza para acessar os sigilosos documentos, mas descobre, também, que não pode processar a “instituição Igreja”; toma, então, uma decisão inédita: direciona seu foco para o próprio “cardeal” Bernard Law, exigindo sua presença no tribunal.
Isso marca intensamente a intimidade da própria Igreja, a ponto de, numa ação sem precedentes, 58 padres de Boston se reunir e enviarem uma carta ao “cardeal” Law, pedindo sua renúncia.
De pronto (e entre quatro paredes), o advogado das vítimas é convidado pelo representante da Igreja a firmar um “acordo”, que lhe permitirá “indenizar” os clientes que haviam sido prejudicados pela leniência de Bernard Law; uns, mais necessitados, aceitam de pronto, enquanto outros terminantemente recusam, já que o objetivo era o de levar o “cardeal” a júri popular, com reflexos na própria atuação da Igreja.
Fato é que, em razão da insuportável pressão popular, o “cardeal” Law finda por publicamente pedir demissão ao Papa João Paulo II, esperando que sua renúncia "...ajude a curar a ferida e trazer, para a arquidiocese de Boston, a reconciliação e a unidade que são extremamente necessárias" (uma “meia-vitória” das vítimas, já que evitou o julgamento).
Mas, como na Igreja impera a corrupção e o desmando, o (agora) “ex-cardeal” Bernard Law foi transferido pra Roma e (apesar das mostruosidades admitidas) nomeado pelo amigo João Paulo II para uma função de confiança, no Vaticano.
Vale a pena conferir. Um grande – realista e esclarecedor – filme.
Esses, os elementos da trama que fazem com que o filme “POR TRÁS DA FÉ” (baseado em “fatos reais”) nos dê a oportunidade de tomar conhecimento da criminosa (e secular) atuação dos “padres-pedófilos”, que infernizaram a vida de muitos (e deixaram cicatrizes profundas e incuráveis), por esse mundo afora.
Aqui, especificamente, a história é centrada no “cardeal” americano Bernard Law (evidentemente que um dos eleitores do Papa) que, mesmo tomando conhecimento dos hediondos crimes praticados em sua Diocese (Boston/EUA), prefere apenas (e irresponsavelmente), transferir os acusados para outras paróquias distantes (onde continuaram a fazer e praticar a mesma sujeira, sem serem importunados).
Com a estrondosa repercussão do caso pela Imprensa, o advogado finda por conseguir permissão da nova Juíza para acessar os sigilosos documentos, mas descobre, também, que não pode processar a “instituição Igreja”; toma, então, uma decisão inédita: direciona seu foco para o próprio “cardeal” Bernard Law, exigindo sua presença no tribunal.
Isso marca intensamente a intimidade da própria Igreja, a ponto de, numa ação sem precedentes, 58 padres de Boston se reunir e enviarem uma carta ao “cardeal” Law, pedindo sua renúncia.
De pronto (e entre quatro paredes), o advogado das vítimas é convidado pelo representante da Igreja a firmar um “acordo”, que lhe permitirá “indenizar” os clientes que haviam sido prejudicados pela leniência de Bernard Law; uns, mais necessitados, aceitam de pronto, enquanto outros terminantemente recusam, já que o objetivo era o de levar o “cardeal” a júri popular, com reflexos na própria atuação da Igreja.
Fato é que, em razão da insuportável pressão popular, o “cardeal” Law finda por publicamente pedir demissão ao Papa João Paulo II, esperando que sua renúncia "...ajude a curar a ferida e trazer, para a arquidiocese de Boston, a reconciliação e a unidade que são extremamente necessárias" (uma “meia-vitória” das vítimas, já que evitou o julgamento).
Mas, como na Igreja impera a corrupção e o desmando, o (agora) “ex-cardeal” Bernard Law foi transferido pra Roma e (apesar das mostruosidades admitidas) nomeado pelo amigo João Paulo II para uma função de confiança, no Vaticano.
Vale a pena conferir. Um grande – realista e esclarecedor – filme.
Fonte: http://cariricult.blogspot.com/
sábado, 5 de novembro de 2011
Singularidades do Pé de Serra de Barbalha - Por:Antonio Carlos Cordeiro
O tempo com sua incontida fluidez produz cicatrizes indeléveis
no âmago existencial de cada pessoa. Hoje, sentado defronte a interface do
computador, fui interpelado por reminiscências nostálgicas de remotos anos
pueris, que não foram subtraídos pela distancia cronológica que separa aquela
era da contemporânea. Tempos idos, benéficos, que de fato constituíram o
caleidoscópio informativo do ser que ora transcreve fatos outrora vividos.
Parte desta história teve seu curso no fulcro de um lugarejo chamado de Sitio Formiga,
na zona rural de Barbalha; nas adjacências do povoado do Caldas.
Tenho convicção que minha personalidade fora constituída
durante todo o período que lá vivi; cuja vida simples traduzia alteridade,
entre aquela gente que mantinha a teoria comunista em gestos concretos, sem
jamais ter ouvido falar em Karl Marx ou Frederick Engels. As casas eram
construídas próximas umas das outras e, em regime de mutirão; feitas de taipa
(armadas com varas e amarradas com cipós, que se prendiam as forquilhas
centrais e laterais que erguidas davam sustentação ao teto). Com a estrutura da
casa concisamente erguida; no sertão, tinha-se o hábito de reunir homens para
tapar de barro a inédita residência pertencente ao mais novo casal do lugar. Primeiro
acontecia cobertura; outrora de palha de palmeira de coco babaçu,
posteriormente marcava-se o dia do ritual comunitário da “tapação” da casa.
O domingo era o dia ideal, sobretudo por conta da feira
que acontecia sempre aos sábados, sendo oportuno para a compra de boa cachaça
produzida em Barbalha, para animar os homens que estarão ocupados com a faina
de traçar o barro com os pés como se estivessem a dançar, deixando no ponto
para tapar toda a casa. Um bode ou um porco era abatido para servir de
“tira-gosto” para todo aquele pessoal. Luiz
Gonzaga fala de forma musicada da sala de reboco típica do sertão nordestino de
outrora.
O cariri era outra realidade a três ou quatro décadas
precedentes. Particularmente porto sensível lembranças das famosas renovações
do Sagrado coração de Jesus, que era cultuado em todo rincão caririense. Ora,
quem casava, já tinha por tradição fazer à consagração da casa e nova família a proteção inequívoca do Coração
de Jesus e de Maria. No dia celebrativo era tempo singular de reunir a
parentela próxima para um jantar de confraternização. Os familiares vinham logo cedo, inclusive
outros que residiam em localidades mais distantes, chegavam cheios de regozijo,
sobretudo os rapazes e moças para participarem do dia festivo em busca de
possíveis romances. Aliás, antes do dia, havia a visita as casas do povoado;
feita pelo novo casal, a convidar as famílias para tomar o café do santo, logo
após a reza da renovação. O convite feito uma vez, já serviria para os anos
seguintes, pois o culto aconteceria sempre naquela data livremente escolhida
pelo casal.
O curioso era a mobilização que acontecia no momento da
reza, posto que a mulheres entoavam hinos de louvor e jaculatórias, haja vista
liderada por uma senhora escolhida pela comunidade cognominada por “tiradeira
de renovação”. Esta mulher tinha um tratamento especial, sendo-lhe colocado um
travesseiro aos pés da mesa do santo para que genuflexa, seguisse todo o ritual
em posição uniforme. Os homens ficavam próximos a porta, raramente alguns
entravam, todavia retiravam os chapéus em sinal de reverencia e respeito e
mantinham-se em silencio. Quando concluída a oração final e direcionados os “vivas”
a todos os santos impetrados na parede da casa, seguia-se com o habitual café,
que pela hierarquia patriarcal, primeiro se servia aos homens, depois mulheres,
moças e por fim as crianças. Ninguém ficava sem provar do simbolismo do ritual,
pois o dono da casa saia porta afora, a convidar todos os convivas, para que
ninguém fosse excluídas das iguarias postas a mesa para serem degustadas.
Incontáveis eram os momentos vividos por nosso povo no sitio
supracitado. A diversidade de eventos proporcionava relevantes encontros, basta
ver a singularidade da casa de farinha para aquele lugar. Que felicidade ver os animais chegarem com os
“caçuás” lotados de mandiocas, e colocados no chão próximo ao forno; se formar
uma roda de mulheres e moças para retirar a casca da mandioca e deixá-la pronta
para ser triturada e prensada; depois tornada massa ser quebrada e conduzida ao
forno, tornando-se posteriormente farinha de fina espécie. A noite inteira,
desde a raspagem da mandioca, até o momento de quebra da massa, se contava
histórias, havia muitos flertes entre moças e rapazes, que só retornavam para
casa altas horas da madrugada.
Aquela região desnuda da tecnologia moderna, sem a
fantástica iluminação elétrica, dava vazão a criatividade sertaneja para tornar
as noites de luar mais dinâmicas. Na época do estio, sempre vinha para a
comunidade um tocador de rabeca deveras cego, cuja habilidade com o instrumento
era singular, e com embargada voz, cantava cordéis de memória, sendo rodeado
por toda a gente, que lhe pedia as histórias preferidas como: O Pavão
misterioso; As três princesas encantadas; A donzela Teodora, dentre outros que
compunham o repertorio musical do artista.
Este contexto histórico pitoresco deixou latentes fatos marcantes, que
perdurarão pelo resto da vida no arquivo mental de toda pessoa que ainda
sobrevive, posto que grande parte daquela gente apenas compõe parte da memória
do supracitado povoado.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
ALGUNS CONCEITOS DE CULTURA
CULTURA ERUDITA:
Foi denominada de cultura letrada até o século XVIII. Era uma cultura marcada
por traços religiosos, onde foi principalmente disseminada pelas escolas,
monásticas, catedráticas e universidades, sendo também conhecida como cultura
eclesiástica ou clerical, pois durante todo este tempo, a cultura escrita era
monopolizada pelos membros da hierarquia eclesial.
CULTURA POPULAR:
Também denominada de cultura laica ou folclórica. Na Idade Média, chamavam-na
de cultura “vulgar”, pois a origem destas palavras para os medievos dava
significado a tudo aquilo que não era clerical. A cultura popular surge mais
espontaneamente e de forma mais direta expressa à mentalidade da época. Está
sujeita a menos intermediações, tem menos regras preestabelecidas e se
diferenciava dos valores e práticas oficiais.
CULTURA
INTERMEDIÁRIA: Surge da simbiose entre a cultura erudita e a cultura popular. A
permutação existente entre estes dois pólos é que dar forma a cultura
intermediária, pois esta passa a ser praticada por todos os membros que
constituem uma dada sociedade. É denominada como conjunto de crenças, costumes,
técnicas, normas e instituições conhecidas
e aceitas pela grande maioria dos indivíduos de uma sociedade.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
SACRALIDADE / RITUAL
Sacralidade é toda uma realidade compreendida como sagrada. Esta comporta nas entrelinhas uma dimensão sobrenatural, que está velada por crenças e sentimentos que tornam objetos, monumentos, patrimônios - simbolos sensíveis envoltos por poderes divinos e divinizantes. Neste caso, a sacralidade torna o fato concreto, portador de forças transcendentes, onde o invisível se traduz por intermédio do sentimento de fé pessoal e coletiva, que se manifesta nos objetos sagrados ali presentes.
Rituais são as práticas religiosas que servem para interpretar as coisas do além a se tornar manifestas naquele momento sagrado. Os rituais ligam o homem, ser imanente a Deus, ser transcendente; sendo um veículo exclusivo para que as forças sobrenaturais possam se tornar "sensíveis". Os rituais são celebrações de fé, onde a gratidão, a petição, o contrato, se tornam manifestas, numa sintese de sentimentos, em que homem e divino se fundem numa mesma realidade humano-divina.
Assinar:
Postagens (Atom)