sábado, 4 de agosto de 2012

História do ritual da bandeira de Santa Ana em Umburanas-ce


Umburanas é um pequeno distrito  da cidade de Mauriti localizada no interior do Sul do Ceará. Este pequeno e singelo lugar destaca-se entre os demais por ter um povo deveras receptivo, alegre e anfitrião, pois todos que têm o privilégio de estar em Umburanas sempre retorna com muitas saudades. É como costuma dizer as pessoas de lá. "Quem bebe da água de Umburanas sempre retorna". Ô aguinha doce!!!. Mas na verdade, não tem nada a ver com a água. As pessoas de Umburanas tem uma qualidade singular de lugares pequenos onde todo mundo se conhece, para o povo dessa "terrinha", é sempre muito bom receber familiares que vem de fora e que trazem amigos e parentes para participar e juntos comemorar o reencontro da vida. Claro, além de toda essa receptividade dos umburanenses Umburanas ainda guarda em sua atmosfera um pouco das manifestações religiosas que se faz muito presente. 
       Em Umburanas como em todos os distritos de Mauriti, se comemora a festa de santos padroeiros. Temos Santa Ana a padroeira e São Francisco de Assis, no Bairro São Francisco. A festa de Santana é uma manifestação religiosa de grande importância para os umburaneses. Um fato extraordinário ocorre 13 horas antes do hasteamento da bandeira de Santana. Os devotos da Santa se reúnem, sobretudo os noitários, compram centenas de fogos de artifícios e 5 horas da manhã a comunidade reunida vai assistir ao show pirotécnico que encantam a todos. Antes disso todos se cumprimentam, conversam e os que não se vêem a muito tempo, vivem o momento especial do reencontro.
        É de hábito do povo se reunir no patamá da igreja para o hasteamento da bandeira, que fica em um mastro defronte a mesma. Na festa de Senhora Santana este fato é deveras relevante. No dia 16 de Julho a abertura da festa, o mastro é arrancado a bandeira feita de tecido recebe um tratamento especial, onde é lavada e perfumada e as 6 horas da noite os devotos de Santa Ana se reúnem na calçada da casa de seu João Felipe de onde o mastro e a bandeira são levados em procissão. Antes são distribuídas velas às pessoas  que rezam, fazem jaculatórias e cantam hino bendizendo a Santa. Para as crianças são oferecidas chuvinhas que ao soltarem transmitem toda a alegria inicial da festa. É um momento bonito e agradável de se ver. Em seguida os devotos de Senhora Santana seguem com a bandeira em procissão. até o riacho Umburanas, onde o mastro é imerso na água para que o inverno seja próspero e a colheita farta durante todo o ano. A procissão segue pela rua central da capela , sendo levada ao interior da mesma por  dois anjos que se colocam a frente segurando a bandeira e logo atrás, por devotos que fazem promessas de levar até os pés do padre a referida bandeira. Ao chegar na igreja toda a comunidade está pronta para receber a bandeira que entra seguindo um tapete vermelho e as pessoas que esperam anciosas a entrada triunfal estendem as mãos fazem seus pedidos e rezam. Algumas até choram emocionadas ou por algum outro motivo. No final da missa, o mastro juntamente com a bandeira é levado até a frente da igreja onde as pessoas e o padre permanecem presentes até o final do ritual, rezando, colocando incenso e os devotos respondendo as jaculatória. No final a bandeira é erguida e todos aplaudem. Algumas famílias ao final do ritual distribuem chuvinhas para as crianças soltarem.   
          A origem da história do ritual da "Bandeira de Umburanas" é bem surpreendente e os moradores mais velhos relatam que devido a carência de chuvas que houve durante a seca de 1915 e assolou sobretudo o interior do Ceará, o rio que servia para dar água as criações de gado e cabras, para lavar roupas e aguoar as plantações secou, e assustou os moradores. Uma senhora fez uma promessa a Santa Ana e suplico-lhe piedosamente que se a padroeira mandasse chuva para a região, todos os anos ela iria levar a bandeira da Santa até o rio e molhar o seu mastro, para que nunca mais faltasse água. Até hoje, este ritual é seguido por todos os moradores de Umburanas que participam sempre com muito fervor  e devoção.
        Até os dias atuais a festa de Senhora Santa Ana é uma das mais tradicionais e todas as noites durantes os novenários da padroeira a igreja de tamanho médio comporta um grande número de pessoas que lotam seu interior e a parte externa. Todos participam religiosamente da novena da Santa, entoando os hinos alusivos e recitando as jaculatórias correspondentes.

sexta-feira, 16 de março de 2012

TRAÇOS DA FÉ NA EXPERIENCIA DE VIDA

Em meus trabalhos sobre religiosidade, entrevistei, muitos romeiros, pagadores de promessas, benzedores, pessoas de fé. Relato aqui com entusiasmo o resumo de uma entrevista, com um senhor muito devoto de Deus, Padre Cícero e Nossa Senhora das Dores.

A entrevista foi realizada com o senhor Antônio de 65 anos de idade que descreve a sua história de vida, baseada nos rituais católicos, pertinentes a Religiosidade Popular. 

No interior do Cariri é comum e muito forte o traço de uma religiosidade marcado pela presença de Deus, como sendo um ser que "fere e cuida da ferida". Seu Antônio, sempre trata Deus como um ser por excelência que já traçou em Seu livro, a vida de cada um. Sem Deus, ele não seria nada. E até mesmo, quando passa por alguma dificuldade por mais cruenta que ela pareça é por deliberação de Deus que ele experiencia tal fato.

Para seu Antônio, tudo é Deus que determina. E não há possibilidade de fugir do Seu olhar, que em algumas circunstância, castiga e salva.. Um fato muito marcante em sua vida, é a utilização de um rosário feito por cordão com continhas, confeccionado por algumas sementes artesanalmente preparadas pelo mesmo - que traz nos dois lado da medalha prateada, suspensa por um cordão, a imagem de Nossa senhora das Dores e do outro, a imagem de Padre Cícero, santos de sua devoção.

O significado daquele terço para seu Antônio, é indescritível, pois foi bento por Frei Damião - ícones das missões nordestinas, que quando vivo, vinha a região do Cariri - ele não retira de seu peito em nenhum momento de sua vida, e diz que quando morrer, quer ser enterrado com o terço. Ele tem convicção de que todo e qualquer malefício, pode ser superado pela presença do terço, que para o mesmo, é um escudo intangível contra todo tipo de mal. O mesmo diz que sem aquele amuleto não é nada e com o mesmo, é fortalecido com uma determinação sobrecomum, que não se explica, pois é uma forma de se proteger de todos os perigos do cotidiano. E tendo sempre contato com aquele terço, nenhum mal lhe acontecerá, pois Deus manifesto naquele objeto simplório, será seu guardião cotidiano.

O dia-a-dia de seu Antônio começa assim: logo pela manhã ele já tem como hábito a reza de jaculatória, como um Pai Nosso e três Aves-maria e sempre ao levantar-se coloca costumeiramente o pé direito no chão, para que durante todo o dia, esteja imune a tentação do mal. Sempre nos dias 20 de cada mês, veste preto, como sentido de sua devoção ao Padre Cícero, pois por intermédio do Santo já teve a graça de ter se curado de diversas enfermidades. Ele relata que quando seu filho mais velho nasceu, no centro de sua cabeça, existia um abcesso, bastante grave, e que, segundo alguns médicos afirmaram que seu filho poderia com o tratamento, ficar parcialmente curado, porém com algumas sequelas. Ele se valeu de Padre Cícero fazendo uma promessa e se pela intervenção do Santo, seu filho ficasse totalmente curado, todo o dia 20 do mês, ele usaria preto e sempre nas romarias, visitaria os lugares sagrados de Juazeiro, como os santuários e igrejas, e principalmente o Horto. Ele diz que não demorou muito tempo, dentro de um ano, o seu filho estava curado.

Outro fator bastante presente na vida de seu Antônio é a crença nas benzedeiras, para curar doenças comuns, como dor de cabeça, quebrante, etc, que segundo o entrevistado, com a fé devota na reza, as enfermidades serão afugentadas. Segundo ele, existem pessoas que tem uma energia negativa, que quando olham para as crianças pequenas, causam-lhes certa fraqueza física e que só será combatida com as orações milagrosas das benzedeiras.

Outro fator curioso é referente à proteção de sua casa, que segundo ele, toda noite de São João quando a fogueira se reduz a cinzas, ele recolhe aquelas "cinzas santas", que servirão como muralha quando colocadas em torno da casa impedindo que forças maléficas adentrem aquele lar. No caso da madeira (tições), como chama o mesmo, os que não foram queimados totalmente são guardados como " relíquias", pois servirão para serem usados nas três noites de escuro que acontecerão no fim do mundo, e que somente as mesmas, poderão clarear a trevas infindas destes dias de clamor.

Todo este acervo de crenças proferida pelo seu Antônio, ainda perdura na mente de muitos sertanejos, que com sua fé aparentemente ingênua acredita sem reserva na intervenção divina em cada momento de sua vida.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

CRÍTICA A FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL

Desenvolver uma análise a respeito da obra “A crítica da filosofia do direito de Hegel, torna-se um tanto difícil sem que se tenha um conhecimento prévio a respeito de Hegel e do seu pensamento. Porém, a priori, o que se pode notar depois de uma breve leitura sobre o texto, é que Karl Marx não quis somente fazer uma crítica a Hegel e não tão somente recriminar a religião, mas, sobretudo, tinha ele o intuito de lançar uma crítica ferrenha ao Estado alemão defendido por Hegel. 

 Marx, para chegar ao seu objetivo de fato, começa por fazer uma crítica à religião. Segundo ele, a crítica da religião seria a premissa para todas as críticas. Neste momento é notória a repulsa de Marx pela crença religiosa. A religião é o “ópio do povo”, ele deixa claro. Enquanto o ser humano buscar a sua superação nos seres, entidades e objetos religiosos, este não poderá se reconhecer como um ser, que terá a mesma potência, sem que esteja voltado à um contexto religioso. A religião, segundo Marx aliena o homem. A busca incessante pelo sobrenatural define o seu estado de miséria. Enquanto ser racional dotado de capacidade, o homem pode se tornar um ser supremo, que pode se realizar e superar os seus anseios sem o auxílio da religião. Sendo assim, imbuído deste pensamento crítico, é que se daria a supressão da religião. Porém, para Marx, enquanto o homem se encontrar arraigado aos princípios religiosos, enquanto este acreditar que existe um ser supremo que rege todas as coisas e que sua vida decorre em torno deste, o homem se torna então um ser alienado, por si próprio, pois segundo ele, a religião é a auto-alienação do homem. 

 Como Marx não pretende somente lançar críticas à religião, mas sobremodo ao estado alemão, este, não se abstém em tercer criticamente censuras sobre a maneira como este atuava, e o modo como este foi sendo projetado no decorrer do tempo. É interessante observar, que o pano de fundo, na qual é tecida toda a crítica, é justamente o pensamento hegeliano em relação ao Estado que lhe serve de base. Marx então julga o Estado alemão como retrógado, atrasado e se refere a ele como “o passado dos outros estados europeus” e nas entrelinhas, critica o pensamento abstrato de Hegel, culpando-o em parte, pelo atraso fenomenal da Alemanha. Além disso, o estado alemão é, ainda, opressor. Utilizando-se de amarras que impedem o pleno desenvolvimento do povo, ele o aliena. Para Marx as amarra supracitadas são meios de opressão, aceitável pelo o homem a medida que ele se reconhece e constitui-se parte disso. Neste caso se auto-aliena. Neste sentido, para Marx, são amarras que impedem o pleno desenvolvimento do homem: à religião, a fragmentação da sociedade em classes e nações. 

 Marx acredita que para o ser humano ser liberto de toda esta opressão, seja necessário fazê-lo acordar. Como então fazer isso? Forçando o povo a enxergar que estar sendo oprimido inserido neste sistema. É fazendo com que, as dificuldades impostas ao povo alemão sejam ainda mais penosas para fazê-lo reagir a este processo e se dar conta da sociedade injusta em que vive, tentando de alguma maneira modificar essa realidade. É aí que entra a questão do proletrariado, o pano onde se tece toda a teoria marxista. Marx identifica no proletáriado o gérmen da subversão à estrutura vigente. Ele afirma que por esta ser a classe mais oprimida e explorada, acordará de seu sono alienante, percebendo a opressão antes que as outras. Aí então se rebelará e se livrará das amarras opressivas. Neste caso, Marx proclama a luta de classes como o motor da história e a classe proletária como a classe que subverterá a atual ordem mundial.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então é natal ...



O natal é a maior festa da cristandade. Cristãos do mundo inteiro se reunem para festejar o nascimento de Jesus Cristo  o salvador do mundo. È  tempo de alegria, reconciliação, e demonstração de gestos de solidariedade. É tempo de encantamento, magia e realizações de sonhos. É tempo em que a estrela que guiou os reis magos até o menino Jesus, também nos guia para olharmos para dentro de cada um de nós e enxergar o que há de melhor. Enxergar que Jesus está presente dentro de nós e no coração de cada ser humano.


O natal é uma das épocas que mais encanta. São luzes que acendem e se apagam num movimento frenético, apresentando-nos um mundo maravilhoso onde se possa sonhar. As árvores  e casas das cidades estão repletas de todas elas. Os simbolos natalinos estão por todos os lugares. Pinheiros, esculturas de papai noel, guirlandas que enfeitam as portas das casas, os presépios montados no interior ou exterrior das igrejas e nas casas dos povos cristãos, no intuito de relembrar o dia do nascimento de Cristo. As estrelas, bonecos de neves, meias sobre as janelas, iennas, trenós... uma infinidade simbólica que traduz os sentimentos e saudações natalinas. Mas afinal, qual a origem e significados desses artefatos? Por que eles tem o poder de traduzir tanta magia, tanto encantamento? Então vamos conhecer um pouquinho da existência e significados dos principais objetos natalinos e o por que da comemoração do Natal.


Os simbolos e comemorações natalinas estão agregados as festas pagãs da antiguidade, mas precisamente as festas greco-romanas.  No ano de (227 – 275 d.C) no dia 25 de dezembro um imperador romano de nome Aureliano estabeleceu este dia como o dia do nascimento do Sol Invencivel ou simplesmente “Natalis Solis Invcti”, uma das suas principais divindades que era representada pelo sol. Potestade que pelos povos romanos era conhecido por Mitra  e na Grácia por Apolo  deus da luz que representava o sol. Em outras civilizações a data festejava outros seres divinos como Baal, Rã, Utudos, Surya entre outros. No calendário cristão a data foi oficializada como o nascimento de Jesus Cristo por Costantino (317-337 d.C), também  imperador de Roma. Consagrado ao cristianismo Costantino  impôs a doutrina cristã como religião oficial de Roma.


A ilustre figura do bom velhinho que todas as crianças conhecem por Papai Noel, relembra um generoso senhor de vida e família abastarda, que gostava de ajudar as pessoas com maiores necessidades e anonimamente o magnânimo senhor, deixava de presente  nas portas de algumas casas saquinhos de moedas de ouro.  Seu nome verdadeiro é Nicolau e a igreja católica o canonizou como são Nicolau por haver sido concedidos alguns milagres em menção do bom velhinho. E  a explicação do seu sucesso com o público infantil é que Nicolau tinha um apreço especial por crianças e as presenteva.
A árvore de Natal ou o pinheiro ou ainda carvalho, representa a vida e passou a ser simbolo de natal quando ainda no século XV um monge de nome Martinho Lutero, andando pela cidade numa noite de inverno e de céu estrelado vendo a belíssima paisagem exposta, e em meio a tanta neve percebeu a resiliência daquele vegetal que permancia verde mesmo exposta a uma temperatura tão baixa e as estrelas ainda a deixava mais bela. O então religioso cortou-lhe um dos pinheiros levando-o para casa o enfeitou com capuchos de algodão e colocou sobre ela uma estrela para celebrar a vida.


As guirlandas postas sobre as portas das casas na verdade é de origem pagã e foram introduzidas pelos drúidas antigos sacerdotes que acreditavam na influência dos maus espíritos sobre a vida das pessoas. Para se proteger dessa maldição os sacerdotes druidas faziam guirlandas com ervas que ajudavam a afastar os maus espíritos. Com as guirlandas postas sobre as portas, aquela casa estaria protegida de qualquer entidade espiritual perversa.


O tão famoso presépio de Natal é para recordar o nascimento de Jesus em meio a uma mangedoura cercado de animais na presença de Maria sua mãe e José seu pai. Ainda compõem o cenário os pastores e três reis magos. A tradição da montagem do cenário do nascimento de Cristo surgiu no meio cristão através de São Francisco de Assis para rememorar que omaior dos reis de todos oreinos – Jesus – havia nascido em meio a pobreza e simplicidade.
Os presentes que são postos em baixo da árvore representam os presentes que o menino Jesus recebeu dos três reis magos que eram incenso, ouro e mirra. E a estrela posta sobre a árvore é a grande guia, que representa o nascimento do salvador a luz do mundo.


 As comemorações de natal são repletas de significados  e deveras rico em simbologias, pois expressa a gênese de todo o bem, representado na imagem humano divina do Menino Jesus na simplória Manjedoura de Belem.
A todos do blog um Natal de Paz, esperança e magia.
Ana Cássia!!!



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Autor mostra em 'Lunáticos por Deus' a insanidade das religiões

Fonte:  http://www.paulopes.com.br/



O filosofo americano Michael Largo (na foto abaixo), 61, testemunhou sacrifício de animais, ouviu tambores vodus no Haiti, ingeriu cogumelos tóxicos, frequentou comunidades de nudistas que acreditam que só quem vive como Adão e Eva antes da expulsão do Éder obterá a salvação divina e por aí vai. 

Após tal vivência ao longo de mais 20 anos pesquisando religiões, ele concluiu que as religiões semeiam a insanidade “[porque] os mais loucos conceitos se tornam dogmas, demandando fé para aceitá-los”.

No livro “Lunáticos por Deus” (Lafonte, 416 págs), lançado recentemente no Brasil, Largo, que foi educado por jesuítas, apresenta um inventário de suas viagens a vários países para estudar as religiões e faz algumas confirmações, como a de que o sistema de crenças é gerador e catalisador de fanatismo e bizarrice.

Segue a entrevista que o caçador de religiões concedeu a  Érica Kokay, da revista Galileu.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

HISTÓRIA DE UMBURANAS - CE

Foto retirada do orkut de seu Leleco

Umburanas é um pequeno e aconchegado distrito que faz parte de Mauriti. De céu azul incomparável e nuvens brancas tal capucho de algodão que o torna inigualável de qualquer outro céu, o sol ardente e vivo que clareia o dia e cinge de vida o sossegado lugar. De um povo hospitaleiro sem igual, onde todos se conhecem e se respeitam. Umburanas terra de Santana, de um povo que expressa a religiosidade em tudo que vive. Umburanas terra de devoção a Vó de Cristo e a São Francisco de Assis o qual ganhou uma capela em sua homenagem e que nos meses de Outrubro se reza a novena ao Santo que renovou a vida de tantos Franciscos e Franciscas. Umburanas, terrinha abençoada por Deus que de braços abertos recebe todos os filhos seus. Um pouco da história de um "lugarzinho no meio do nada", mas que aprendi a gostar e retornar quando sinto saudades.

Obs 1: O texto a seguir é de autoria de meu irmão Ismael Félix, que tem verdadeira paixão por este lugar. 
Obs 2: Foram feitas apenas pequenas modificações do texto de origem.

Umburanas- Fundada por Gregório Alves Maranhão, conhecido por Gregório do Espírito Santo,  por volta de 1800.
Gregório casou-se com Isabel Furtado Leite do Coité e veio afixar sua descendência em Umburanas, terreno que pertencia por herança ao Senhor Francisco Dias da Costa.
Em Umburanas, Gregório construiu a primeira casa e o primeiro engenho começando assim o povoamento da região, que passados os anos e por sucessões hereditárias torna-se de herança da família Furtado Leite.


 03/04/1855 - Sr. Luís José Furtado e sua esposa a Sra. Francisca Maria do Espírito Santo, doam o Patrimônio onde fora construída a primeira capela à Senhora Sant’Ana, padroeira da comunidade.
O templo era pequeno e a devoção muito grande por parte do povo do lugar e da família que residia em Bonito de Santa Fé, Coité, e demais comunidades núcleos dos Furtado Leite, e da chamada família Martins de Morais

1896- O Sr. Major  Joaquim Antônio Furtado, bisneto de Gregório, e filho de Luís J. Furtado, constrói em Umburanas a atual Igreja em honra a Senhora Sant’Ana, continuando a devoção e tradição de seus pais. Ele, o major, era casado com Maria Luzia Furtado, filha do Capitão Manoel José, da Vila de Espírito Santo, Hoje um distrito de Mauriti, sediado na aprazível Vila de Anauá.
Desde a morte do referido Major em 1903, seus bens, inclusive a Igreja, passou aos cuidados da família (FURTADO LEITE), ao longo de cem anos, as responsabilidades da Igreja foi passando de pai para filho, logo da morte do Major, o Sr Francisco Lulu cuidou por muito tempo, passando para seu filho Joaquim Lulu e após a morte do mesmo a sua filha D. Dolores recebeu e acolheu esta responsabilidade por mais de trinta anos, quando em 2003, a mesma D. Mª Dolores Leite Arraes, entregou ao Vigário de Mauriti, na época o Pe. Paulo Lemos Pereira, a chave, os pertences e algumas jóias em ouro que a Igreja possuia. Atualmente o administrador geral é o Pe. Antônio Luís da paríoquia de Mauriti, e o coordenador, o Sr. José Amâncio

Festa de Sra. Sant’Ana- A festa da Padroeira de Umburanas (Sra Sant’Ana), era celebrada desde 1896 a 1938, nove dias antes do ultimo domingo de julho, mas por decisão da comunidade inspirada na idéia do antigo vigário da paróquia de Milagres-CE, o Padre Joaquim Alves de Oliveira, a festa passou a ser oficialmente celebrada de 16 à 26 de Julho, encerrando às 10h da manhã, com a Missa Solene em honra a Senhora Sant’Ana e S. Joaquim ( avós de Jesus). Após a missa a tradicional procissão percorre as principais ruas da comunidade com as Imagens dos Padroeiros, esta referida procissão é acompanhada por milhares de fiéis devotos da Santa.
   Na parte social a festa é muito animada, grandes nomes do Forró e da musica acústica do Brasil tocaram e tocam nos dias do festejo entre eles cita-se Limão Com Mel, Aviões do Forró, e etc, dando conhecimento nacional ao lugar e aos seus clubes Beira Rio, Éden clube e ainda o  Areal Drink’s. Nas apresentações culturais em frente a praça da igreja, apresentações de cantores da terra, cantadores, poetas, comidas típicas, o tradicional parquinho para as crianças e as barracas de camelôs, vendendo diversidades de mercadorias que servem de lembranças para guardar e rememorar a tão saudosa festa de umburanas.
                         

                                                                                       




            

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CULTURA SEMIÓTICA - SEGUNDO GEERTZ


Muitos teóricos da antropologia procuraram encontrar um conceito esclarecido sobre cultura. A respeito do conhecimento de Geertz a cultura é percebida como um texto na medida em que ele defende o conceito de cultura como semiótico, não como uma ciência empírica, que buscam seus resultados nos experimentos, como conceberam outros pesquisadores da mesma área. Mas Geertz dar um novo significado para o termo, sendo esta uma ciência sim, mas com suas bases fincadas na interpretação, na procura dos significados como expressa o mesmo.
            Segundo Geertz o ser humano encontraria sentido nos acontecimentos através dos quais ele vive por intermédio de padrões culturais, estes, encontrariam ordenados num amontoados de símbolos significativos . O homem para este etnólogo é um animal amarrado a teias de significados tecidos por ele mesmo, e a cultura seria as teias. Os indivíduos sentem, percebem, raciocinam, julgam e agem sob a direção destes símbolos. A experiência humana neste caso se configura em sensações significativas, interpretadas e aprendidas.
            O conceito semiótico de cultura é essencial na construção do interpretativismo, e não do mentalismo. Cabe ao antropólogo buscar a interpretação e compreender os padrões culturais organizados através dos símbolos sociais que se manifestam nos comportamentos individuais como uma questão fundamental para a antropologia e a descrição densa, visa a compreensão destes símbolos sociais.
            Através de um trabalho de campo quase obsessivo de peneiramento do material etnográfico o antropólogo pode analisar as dimensões simbólicas da ação social na arte, na religião, na ideologia, na ciência, na moralidade, na lei, nos costumes, etc. Assim, ele constrói suas interpretações e estas podem ser elaboradas de distintas maneiras.
            Segundo Geertz a análise não deve ser elaborada como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa em busca de significados. Para se compreender esta análise antropológica deve-se compreender uma das funções do  antropólogo, neste caso, a etnografia. Para Geertz praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário, dentre outras atividades. Estas atividades requerem um esforço intelectual específico que consiste na descrição densa, esta, refere-se exatamente ao papel da etnografia que busca a interpretação do fato descrito, procurando suas motivações e seus objetivos - seus significados. Não é apenas uma descrição minuciosa, mas uma leitura, uma interpretação.
            Quando Geertz concebe a cultura como teias tecidas pelo homem imbuídas de significados com uma dimensão conceitual simbólica fora do comum, interpreta-se a cultura como estruturas conceituais, entrelaçadas, em termos das quais as ações humanas ganham sentido, e elas podem - cada estrutura- informar de modo diferente as práticas humanas, o que equivale a dizer, que elas podem dotar-se de significados diferentes  sendo estes, fruto de uma mesma conduta dentro de um mesmo ambiente circunscrito.
            Valendo-se de recursos metafóricos mais acessíveis, a cultura geertziana pode ser tomada como uma espécie de texto expressivo. Assim, os rituais, os mitos, os jogos e as práticas sociais podem ser vistos como formas de expressão, textos, que sempre têm algo a ser dito sobre algum aspecto do ambiente social no qual se inserem.
            Neste caso a proposta de Geertz em relação à descrição densa é que os etnólogos e antropólogos ao se depararem com os mais diversificados tipos simbólicos apresentados pela cultura, possam buscar interpretações dos fatos, não de forma minuciosa, mas que descrevam-nas da forma como são concebidas.




sábado, 26 de novembro de 2011

O Seminarista - Bernardo Guimarães


    O Romance o Seminarista destaca-se como um dos escritos mais críticos de Bernardo Guimarães. Este livro foi escrito em 1872. Nele o autor utiliza-se de uma linguagem simples que é sua característica peculiar - contudo com fisionomia realista. Seu estilo claro, conta com maestria o cotidiano das províncias brasileiras no sec. XIX. Neste livro, Bernardo Guimarães tece críticas pertinentes ás vocações impostas do seu tempo, expondo a sociedade patriarcal com todas as suas vicissitudes em que os filhos são destinados a seguir uma carreira “promissora” que é estipulada pela família e não pela inclinação pessoal dos mesmos. O Romance O seminarista é observado pela crítica como uma obra que se opõe de forma inconteste ao celibato clerical. Contudo, a desdita de Eugênio por ingressar no seminário é fruto de uma vida muito ligada aos pais, de intocável obediência pelo menos aparentemente. Ele desde criança tem uma ligação muito direta com sua amiga Margarida que juntos cresceram de forma muito íntima, no sentido de efetivação de um sentimento juvenil – deixando fluir um amor que tem suas raízes desde a infância dos dois personagens. Concomitante a relação afetiva com Margarida estava a inclinação de Eugênio pelas coisas sacras, e este fato traduzia para seus pais sua vocação incondicional para o presbitério, que era uma função de relevante prestígio na época. Neste caso a crítica está no fato da atitude dos pais que impõem ao jovem o caminho do sacerdócio, e nos padres do seminário de Congonhas, que vendo no jovem  dons intelectuais para o ornamento futuro da Ordem, tudo fazem  para subjugá-lo.  Eugênio é vitima da vontade alheia.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Por trás da fé" - José Nilton Mariano Saraiva


Aos fatos (reais): 1) uma sofrida mãe, beata católica de carteirinha, que de repente descobre que os seus sete filhos, todos do sexo masculino, haviam sofrido abuso sexual por parte do magnânimo e caridoso padre de uma comunidade de Boston (EUA); 2) homens, já formados, hoje casados e pais de família, que convivem com as teimosas e dolorosas recordações da meninice, quando foram vítimas indefesas da mesma figura (bem como com a lembrança de colegas que optaram pelo suicídio, por não suportarem o “peso da cruz”); 3) um diligente advogado - iniciante, esperto e à procura de projeção, evidentemente - disposto a ir fundo na tentativa de resgatar a dignidade dos clientes; 4) acomodados membros do poder judiciário, corruptos, blindados e indispostos em abrir o sigilo de documentos comprometedores (até que uma nova juíza, destemida e disposta a encarar a fera, surge); 5) repórteres de um influente jornal, que optam por “chutar o pau da barraca” e divulgam o contido nos documentos que lhes chegam as mãos; e, 6) no centro disso tudo, a Igreja Católica, vilã e responsável por tanta dor e sofrimento, a manobrar e praticar o “jogo pesado”, a fim que a verdade não venha à tona.
Esses, os elementos da trama que fazem com que o filme “POR TRÁS DA FÉ” (baseado em “fatos reais”) nos dê a oportunidade de tomar conhecimento da criminosa (e secular) atuação dos “padres-pedófilos”, que infernizaram a vida de muitos (e deixaram cicatrizes profundas e incuráveis), por esse mundo afora.
Aqui, especificamente, a história é centrada no “cardeal” americano Bernard Law (evidentemente que um dos eleitores do Papa) que, mesmo tomando conhecimento dos hediondos crimes praticados em sua Diocese (Boston/EUA), prefere apenas (e irresponsavelmente), transferir os acusados para outras paróquias distantes (onde continuaram a fazer e praticar a mesma sujeira, sem serem importunados).
Com a estrondosa repercussão do caso pela Imprensa, o advogado finda por conseguir permissão da nova Juíza para acessar os sigilosos documentos, mas descobre, também, que não pode processar a “instituição Igreja”; toma, então, uma decisão inédita: direciona seu foco para o próprio “cardeal” Bernard Law, exigindo sua presença no tribunal.
Isso marca intensamente a intimidade da própria Igreja, a ponto de, numa ação sem precedentes, 58 padres de Boston se reunir e enviarem uma carta ao “cardeal” Law, pedindo sua renúncia.
De pronto (e entre quatro paredes), o advogado das vítimas é convidado pelo representante da Igreja a firmar um “acordo”, que lhe permitirá “indenizar” os clientes que haviam sido prejudicados pela leniência de Bernard Law; uns, mais necessitados, aceitam de pronto, enquanto outros terminantemente recusam, já que o objetivo era o de levar o “cardeal” a júri popular, com reflexos na própria atuação da Igreja.
Fato é que, em razão da insuportável pressão popular, o “cardeal” Law finda por publicamente pedir demissão ao Papa João Paulo II, esperando que sua renúncia "...ajude a curar a ferida e trazer, para a arquidiocese de Boston, a reconciliação e a unidade que são extremamente necessárias" (uma “meia-vitória” das vítimas, já que evitou o julgamento).
Mas, como na Igreja impera a corrupção e o desmando, o (agora) “ex-cardeal” Bernard Law foi transferido pra Roma e (apesar das mostruosidades admitidas) nomeado pelo amigo João Paulo II para uma função de confiança, no Vaticano.
Vale a pena conferir. Um grande – realista e esclarecedor – filme. 
 

Fonte: http://cariricult.blogspot.com/

sábado, 5 de novembro de 2011

Singularidades do Pé de Serra de Barbalha - Por:Antonio Carlos Cordeiro



O tempo com sua incontida fluidez produz cicatrizes indeléveis no âmago existencial de cada pessoa. Hoje, sentado defronte a interface do computador, fui interpelado por reminiscências nostálgicas de remotos anos pueris, que não foram subtraídos pela distancia cronológica que separa aquela era da contemporânea. Tempos idos, benéficos, que de fato constituíram o caleidoscópio informativo do ser que ora transcreve fatos outrora vividos. Parte desta história teve seu curso no fulcro de um lugarejo chamado de Sitio Formiga, na zona rural de Barbalha; nas adjacências do povoado do Caldas.
Tenho convicção que minha personalidade fora constituída durante todo o período que lá vivi; cuja vida simples traduzia alteridade, entre aquela gente que mantinha a teoria comunista em gestos concretos, sem jamais ter ouvido falar em Karl Marx ou Frederick Engels. As casas eram construídas próximas umas das outras e, em regime de mutirão; feitas de taipa (armadas com varas e amarradas com cipós, que se prendiam as forquilhas centrais e laterais que erguidas davam sustentação ao teto). Com a estrutura da casa concisamente erguida; no sertão, tinha-se o hábito de reunir homens para tapar de barro a inédita residência pertencente ao mais novo casal do lugar. Primeiro acontecia cobertura; outrora de palha de palmeira de coco babaçu, posteriormente marcava-se o dia do ritual comunitário da “tapação” da casa.
O domingo era o dia ideal, sobretudo por conta da feira que acontecia sempre aos sábados, sendo oportuno para a compra de boa cachaça produzida em Barbalha, para animar os homens que estarão ocupados com a faina de traçar o barro com os pés como se estivessem a dançar, deixando no ponto para tapar toda a casa. Um bode ou um porco era abatido para servir de “tira-gosto” para todo aquele pessoal.  Luiz Gonzaga fala de forma musicada da sala de reboco típica do sertão nordestino de outrora.
O cariri era outra realidade a três ou quatro décadas precedentes. Particularmente porto sensível lembranças das famosas renovações do Sagrado coração de Jesus, que era cultuado em todo rincão caririense. Ora, quem casava, já tinha por tradição fazer à consagração da casa e  nova família a proteção inequívoca do Coração de Jesus e de Maria. No dia celebrativo era tempo singular de reunir a parentela próxima para um jantar de confraternização.  Os familiares vinham logo cedo, inclusive outros que residiam em localidades mais distantes, chegavam cheios de regozijo, sobretudo os rapazes e moças para participarem do dia festivo em busca de possíveis romances. Aliás, antes do dia, havia a visita as casas do povoado; feita pelo novo casal, a convidar as famílias para tomar o café do santo, logo após a reza da renovação. O convite feito uma vez, já serviria para os anos seguintes, pois o culto aconteceria sempre naquela data livremente escolhida pelo casal.
O curioso era a mobilização que acontecia no momento da reza, posto que a mulheres entoavam hinos de louvor e jaculatórias, haja vista liderada por uma senhora escolhida pela comunidade cognominada por “tiradeira de renovação”. Esta mulher tinha um tratamento especial, sendo-lhe colocado um travesseiro aos pés da mesa do santo para que genuflexa, seguisse todo o ritual em posição uniforme. Os homens ficavam próximos a porta, raramente alguns entravam, todavia retiravam os chapéus em sinal de reverencia e respeito e mantinham-se em silencio. Quando concluída a oração final e direcionados os “vivas” a todos os santos impetrados na parede da casa, seguia-se com o habitual café, que pela hierarquia patriarcal, primeiro se servia aos homens, depois mulheres, moças e por fim as crianças. Ninguém ficava sem provar do simbolismo do ritual, pois o dono da casa saia porta afora, a convidar todos os convivas, para que ninguém fosse excluídas das iguarias postas a mesa para serem degustadas.
Incontáveis eram os momentos vividos por nosso povo no sitio supracitado. A diversidade de eventos proporcionava relevantes encontros, basta ver a singularidade da casa de farinha para aquele lugar.  Que felicidade ver os animais chegarem com os “caçuás” lotados de mandiocas, e colocados no chão próximo ao forno; se formar uma roda de mulheres e moças para retirar a casca da mandioca e deixá-la pronta para ser triturada e prensada; depois tornada massa ser quebrada e conduzida ao forno, tornando-se posteriormente farinha de fina espécie. A noite inteira, desde a raspagem da mandioca, até o momento de quebra da massa, se contava histórias, havia muitos flertes entre moças e rapazes, que só retornavam para casa altas horas da madrugada.
Aquela região desnuda da tecnologia moderna, sem a fantástica iluminação elétrica, dava vazão a criatividade sertaneja para tornar as noites de luar mais dinâmicas. Na época do estio, sempre vinha para a comunidade um tocador de rabeca deveras cego, cuja habilidade com o instrumento era singular, e com embargada voz, cantava cordéis de memória, sendo rodeado por toda a gente, que lhe pedia as histórias preferidas como: O Pavão misterioso; As três princesas encantadas; A donzela Teodora, dentre outros que compunham o repertorio musical do artista.  Este contexto histórico pitoresco deixou latentes fatos marcantes, que perdurarão pelo resto da vida no arquivo mental de toda pessoa que ainda sobrevive, posto que grande parte daquela gente apenas compõe parte da memória do supracitado povoado.