sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então é natal ...



O natal é a maior festa da cristandade. Cristãos do mundo inteiro se reunem para festejar o nascimento de Jesus Cristo  o salvador do mundo. È  tempo de alegria, reconciliação, e demonstração de gestos de solidariedade. É tempo de encantamento, magia e realizações de sonhos. É tempo em que a estrela que guiou os reis magos até o menino Jesus, também nos guia para olharmos para dentro de cada um de nós e enxergar o que há de melhor. Enxergar que Jesus está presente dentro de nós e no coração de cada ser humano.


O natal é uma das épocas que mais encanta. São luzes que acendem e se apagam num movimento frenético, apresentando-nos um mundo maravilhoso onde se possa sonhar. As árvores  e casas das cidades estão repletas de todas elas. Os simbolos natalinos estão por todos os lugares. Pinheiros, esculturas de papai noel, guirlandas que enfeitam as portas das casas, os presépios montados no interior ou exterrior das igrejas e nas casas dos povos cristãos, no intuito de relembrar o dia do nascimento de Cristo. As estrelas, bonecos de neves, meias sobre as janelas, iennas, trenós... uma infinidade simbólica que traduz os sentimentos e saudações natalinas. Mas afinal, qual a origem e significados desses artefatos? Por que eles tem o poder de traduzir tanta magia, tanto encantamento? Então vamos conhecer um pouquinho da existência e significados dos principais objetos natalinos e o por que da comemoração do Natal.


Os simbolos e comemorações natalinas estão agregados as festas pagãs da antiguidade, mas precisamente as festas greco-romanas.  No ano de (227 – 275 d.C) no dia 25 de dezembro um imperador romano de nome Aureliano estabeleceu este dia como o dia do nascimento do Sol Invencivel ou simplesmente “Natalis Solis Invcti”, uma das suas principais divindades que era representada pelo sol. Potestade que pelos povos romanos era conhecido por Mitra  e na Grácia por Apolo  deus da luz que representava o sol. Em outras civilizações a data festejava outros seres divinos como Baal, Rã, Utudos, Surya entre outros. No calendário cristão a data foi oficializada como o nascimento de Jesus Cristo por Costantino (317-337 d.C), também  imperador de Roma. Consagrado ao cristianismo Costantino  impôs a doutrina cristã como religião oficial de Roma.


A ilustre figura do bom velhinho que todas as crianças conhecem por Papai Noel, relembra um generoso senhor de vida e família abastarda, que gostava de ajudar as pessoas com maiores necessidades e anonimamente o magnânimo senhor, deixava de presente  nas portas de algumas casas saquinhos de moedas de ouro.  Seu nome verdadeiro é Nicolau e a igreja católica o canonizou como são Nicolau por haver sido concedidos alguns milagres em menção do bom velhinho. E  a explicação do seu sucesso com o público infantil é que Nicolau tinha um apreço especial por crianças e as presenteva.
A árvore de Natal ou o pinheiro ou ainda carvalho, representa a vida e passou a ser simbolo de natal quando ainda no século XV um monge de nome Martinho Lutero, andando pela cidade numa noite de inverno e de céu estrelado vendo a belíssima paisagem exposta, e em meio a tanta neve percebeu a resiliência daquele vegetal que permancia verde mesmo exposta a uma temperatura tão baixa e as estrelas ainda a deixava mais bela. O então religioso cortou-lhe um dos pinheiros levando-o para casa o enfeitou com capuchos de algodão e colocou sobre ela uma estrela para celebrar a vida.


As guirlandas postas sobre as portas das casas na verdade é de origem pagã e foram introduzidas pelos drúidas antigos sacerdotes que acreditavam na influência dos maus espíritos sobre a vida das pessoas. Para se proteger dessa maldição os sacerdotes druidas faziam guirlandas com ervas que ajudavam a afastar os maus espíritos. Com as guirlandas postas sobre as portas, aquela casa estaria protegida de qualquer entidade espiritual perversa.


O tão famoso presépio de Natal é para recordar o nascimento de Jesus em meio a uma mangedoura cercado de animais na presença de Maria sua mãe e José seu pai. Ainda compõem o cenário os pastores e três reis magos. A tradição da montagem do cenário do nascimento de Cristo surgiu no meio cristão através de São Francisco de Assis para rememorar que omaior dos reis de todos oreinos – Jesus – havia nascido em meio a pobreza e simplicidade.
Os presentes que são postos em baixo da árvore representam os presentes que o menino Jesus recebeu dos três reis magos que eram incenso, ouro e mirra. E a estrela posta sobre a árvore é a grande guia, que representa o nascimento do salvador a luz do mundo.


 As comemorações de natal são repletas de significados  e deveras rico em simbologias, pois expressa a gênese de todo o bem, representado na imagem humano divina do Menino Jesus na simplória Manjedoura de Belem.
A todos do blog um Natal de Paz, esperança e magia.
Ana Cássia!!!



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Autor mostra em 'Lunáticos por Deus' a insanidade das religiões

Fonte:  http://www.paulopes.com.br/



O filosofo americano Michael Largo (na foto abaixo), 61, testemunhou sacrifício de animais, ouviu tambores vodus no Haiti, ingeriu cogumelos tóxicos, frequentou comunidades de nudistas que acreditam que só quem vive como Adão e Eva antes da expulsão do Éder obterá a salvação divina e por aí vai. 

Após tal vivência ao longo de mais 20 anos pesquisando religiões, ele concluiu que as religiões semeiam a insanidade “[porque] os mais loucos conceitos se tornam dogmas, demandando fé para aceitá-los”.

No livro “Lunáticos por Deus” (Lafonte, 416 págs), lançado recentemente no Brasil, Largo, que foi educado por jesuítas, apresenta um inventário de suas viagens a vários países para estudar as religiões e faz algumas confirmações, como a de que o sistema de crenças é gerador e catalisador de fanatismo e bizarrice.

Segue a entrevista que o caçador de religiões concedeu a  Érica Kokay, da revista Galileu.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

HISTÓRIA DE UMBURANAS - CE

Foto retirada do orkut de seu Leleco

Umburanas é um pequeno e aconchegado distrito que faz parte de Mauriti. De céu azul incomparável e nuvens brancas tal capucho de algodão que o torna inigualável de qualquer outro céu, o sol ardente e vivo que clareia o dia e cinge de vida o sossegado lugar. De um povo hospitaleiro sem igual, onde todos se conhecem e se respeitam. Umburanas terra de Santana, de um povo que expressa a religiosidade em tudo que vive. Umburanas terra de devoção a Vó de Cristo e a São Francisco de Assis o qual ganhou uma capela em sua homenagem e que nos meses de Outrubro se reza a novena ao Santo que renovou a vida de tantos Franciscos e Franciscas. Umburanas, terrinha abençoada por Deus que de braços abertos recebe todos os filhos seus. Um pouco da história de um "lugarzinho no meio do nada", mas que aprendi a gostar e retornar quando sinto saudades.

Obs 1: O texto a seguir é de autoria de meu irmão Ismael Félix, que tem verdadeira paixão por este lugar. 
Obs 2: Foram feitas apenas pequenas modificações do texto de origem.

Umburanas- Fundada por Gregório Alves Maranhão, conhecido por Gregório do Espírito Santo,  por volta de 1800.
Gregório casou-se com Isabel Furtado Leite do Coité e veio afixar sua descendência em Umburanas, terreno que pertencia por herança ao Senhor Francisco Dias da Costa.
Em Umburanas, Gregório construiu a primeira casa e o primeiro engenho começando assim o povoamento da região, que passados os anos e por sucessões hereditárias torna-se de herança da família Furtado Leite.


 03/04/1855 - Sr. Luís José Furtado e sua esposa a Sra. Francisca Maria do Espírito Santo, doam o Patrimônio onde fora construída a primeira capela à Senhora Sant’Ana, padroeira da comunidade.
O templo era pequeno e a devoção muito grande por parte do povo do lugar e da família que residia em Bonito de Santa Fé, Coité, e demais comunidades núcleos dos Furtado Leite, e da chamada família Martins de Morais

1896- O Sr. Major  Joaquim Antônio Furtado, bisneto de Gregório, e filho de Luís J. Furtado, constrói em Umburanas a atual Igreja em honra a Senhora Sant’Ana, continuando a devoção e tradição de seus pais. Ele, o major, era casado com Maria Luzia Furtado, filha do Capitão Manoel José, da Vila de Espírito Santo, Hoje um distrito de Mauriti, sediado na aprazível Vila de Anauá.
Desde a morte do referido Major em 1903, seus bens, inclusive a Igreja, passou aos cuidados da família (FURTADO LEITE), ao longo de cem anos, as responsabilidades da Igreja foi passando de pai para filho, logo da morte do Major, o Sr Francisco Lulu cuidou por muito tempo, passando para seu filho Joaquim Lulu e após a morte do mesmo a sua filha D. Dolores recebeu e acolheu esta responsabilidade por mais de trinta anos, quando em 2003, a mesma D. Mª Dolores Leite Arraes, entregou ao Vigário de Mauriti, na época o Pe. Paulo Lemos Pereira, a chave, os pertences e algumas jóias em ouro que a Igreja possuia. Atualmente o administrador geral é o Pe. Antônio Luís da paríoquia de Mauriti, e o coordenador, o Sr. José Amâncio

Festa de Sra. Sant’Ana- A festa da Padroeira de Umburanas (Sra Sant’Ana), era celebrada desde 1896 a 1938, nove dias antes do ultimo domingo de julho, mas por decisão da comunidade inspirada na idéia do antigo vigário da paróquia de Milagres-CE, o Padre Joaquim Alves de Oliveira, a festa passou a ser oficialmente celebrada de 16 à 26 de Julho, encerrando às 10h da manhã, com a Missa Solene em honra a Senhora Sant’Ana e S. Joaquim ( avós de Jesus). Após a missa a tradicional procissão percorre as principais ruas da comunidade com as Imagens dos Padroeiros, esta referida procissão é acompanhada por milhares de fiéis devotos da Santa.
   Na parte social a festa é muito animada, grandes nomes do Forró e da musica acústica do Brasil tocaram e tocam nos dias do festejo entre eles cita-se Limão Com Mel, Aviões do Forró, e etc, dando conhecimento nacional ao lugar e aos seus clubes Beira Rio, Éden clube e ainda o  Areal Drink’s. Nas apresentações culturais em frente a praça da igreja, apresentações de cantores da terra, cantadores, poetas, comidas típicas, o tradicional parquinho para as crianças e as barracas de camelôs, vendendo diversidades de mercadorias que servem de lembranças para guardar e rememorar a tão saudosa festa de umburanas.
                         

                                                                                       




            

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CULTURA SEMIÓTICA - SEGUNDO GEERTZ


Muitos teóricos da antropologia procuraram encontrar um conceito esclarecido sobre cultura. A respeito do conhecimento de Geertz a cultura é percebida como um texto na medida em que ele defende o conceito de cultura como semiótico, não como uma ciência empírica, que buscam seus resultados nos experimentos, como conceberam outros pesquisadores da mesma área. Mas Geertz dar um novo significado para o termo, sendo esta uma ciência sim, mas com suas bases fincadas na interpretação, na procura dos significados como expressa o mesmo.
            Segundo Geertz o ser humano encontraria sentido nos acontecimentos através dos quais ele vive por intermédio de padrões culturais, estes, encontrariam ordenados num amontoados de símbolos significativos . O homem para este etnólogo é um animal amarrado a teias de significados tecidos por ele mesmo, e a cultura seria as teias. Os indivíduos sentem, percebem, raciocinam, julgam e agem sob a direção destes símbolos. A experiência humana neste caso se configura em sensações significativas, interpretadas e aprendidas.
            O conceito semiótico de cultura é essencial na construção do interpretativismo, e não do mentalismo. Cabe ao antropólogo buscar a interpretação e compreender os padrões culturais organizados através dos símbolos sociais que se manifestam nos comportamentos individuais como uma questão fundamental para a antropologia e a descrição densa, visa a compreensão destes símbolos sociais.
            Através de um trabalho de campo quase obsessivo de peneiramento do material etnográfico o antropólogo pode analisar as dimensões simbólicas da ação social na arte, na religião, na ideologia, na ciência, na moralidade, na lei, nos costumes, etc. Assim, ele constrói suas interpretações e estas podem ser elaboradas de distintas maneiras.
            Segundo Geertz a análise não deve ser elaborada como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa em busca de significados. Para se compreender esta análise antropológica deve-se compreender uma das funções do  antropólogo, neste caso, a etnografia. Para Geertz praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário, dentre outras atividades. Estas atividades requerem um esforço intelectual específico que consiste na descrição densa, esta, refere-se exatamente ao papel da etnografia que busca a interpretação do fato descrito, procurando suas motivações e seus objetivos - seus significados. Não é apenas uma descrição minuciosa, mas uma leitura, uma interpretação.
            Quando Geertz concebe a cultura como teias tecidas pelo homem imbuídas de significados com uma dimensão conceitual simbólica fora do comum, interpreta-se a cultura como estruturas conceituais, entrelaçadas, em termos das quais as ações humanas ganham sentido, e elas podem - cada estrutura- informar de modo diferente as práticas humanas, o que equivale a dizer, que elas podem dotar-se de significados diferentes  sendo estes, fruto de uma mesma conduta dentro de um mesmo ambiente circunscrito.
            Valendo-se de recursos metafóricos mais acessíveis, a cultura geertziana pode ser tomada como uma espécie de texto expressivo. Assim, os rituais, os mitos, os jogos e as práticas sociais podem ser vistos como formas de expressão, textos, que sempre têm algo a ser dito sobre algum aspecto do ambiente social no qual se inserem.
            Neste caso a proposta de Geertz em relação à descrição densa é que os etnólogos e antropólogos ao se depararem com os mais diversificados tipos simbólicos apresentados pela cultura, possam buscar interpretações dos fatos, não de forma minuciosa, mas que descrevam-nas da forma como são concebidas.




sábado, 26 de novembro de 2011

O Seminarista - Bernardo Guimarães


    O Romance o Seminarista destaca-se como um dos escritos mais críticos de Bernardo Guimarães. Este livro foi escrito em 1872. Nele o autor utiliza-se de uma linguagem simples que é sua característica peculiar - contudo com fisionomia realista. Seu estilo claro, conta com maestria o cotidiano das províncias brasileiras no sec. XIX. Neste livro, Bernardo Guimarães tece críticas pertinentes ás vocações impostas do seu tempo, expondo a sociedade patriarcal com todas as suas vicissitudes em que os filhos são destinados a seguir uma carreira “promissora” que é estipulada pela família e não pela inclinação pessoal dos mesmos. O Romance O seminarista é observado pela crítica como uma obra que se opõe de forma inconteste ao celibato clerical. Contudo, a desdita de Eugênio por ingressar no seminário é fruto de uma vida muito ligada aos pais, de intocável obediência pelo menos aparentemente. Ele desde criança tem uma ligação muito direta com sua amiga Margarida que juntos cresceram de forma muito íntima, no sentido de efetivação de um sentimento juvenil – deixando fluir um amor que tem suas raízes desde a infância dos dois personagens. Concomitante a relação afetiva com Margarida estava a inclinação de Eugênio pelas coisas sacras, e este fato traduzia para seus pais sua vocação incondicional para o presbitério, que era uma função de relevante prestígio na época. Neste caso a crítica está no fato da atitude dos pais que impõem ao jovem o caminho do sacerdócio, e nos padres do seminário de Congonhas, que vendo no jovem  dons intelectuais para o ornamento futuro da Ordem, tudo fazem  para subjugá-lo.  Eugênio é vitima da vontade alheia.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Por trás da fé" - José Nilton Mariano Saraiva


Aos fatos (reais): 1) uma sofrida mãe, beata católica de carteirinha, que de repente descobre que os seus sete filhos, todos do sexo masculino, haviam sofrido abuso sexual por parte do magnânimo e caridoso padre de uma comunidade de Boston (EUA); 2) homens, já formados, hoje casados e pais de família, que convivem com as teimosas e dolorosas recordações da meninice, quando foram vítimas indefesas da mesma figura (bem como com a lembrança de colegas que optaram pelo suicídio, por não suportarem o “peso da cruz”); 3) um diligente advogado - iniciante, esperto e à procura de projeção, evidentemente - disposto a ir fundo na tentativa de resgatar a dignidade dos clientes; 4) acomodados membros do poder judiciário, corruptos, blindados e indispostos em abrir o sigilo de documentos comprometedores (até que uma nova juíza, destemida e disposta a encarar a fera, surge); 5) repórteres de um influente jornal, que optam por “chutar o pau da barraca” e divulgam o contido nos documentos que lhes chegam as mãos; e, 6) no centro disso tudo, a Igreja Católica, vilã e responsável por tanta dor e sofrimento, a manobrar e praticar o “jogo pesado”, a fim que a verdade não venha à tona.
Esses, os elementos da trama que fazem com que o filme “POR TRÁS DA FÉ” (baseado em “fatos reais”) nos dê a oportunidade de tomar conhecimento da criminosa (e secular) atuação dos “padres-pedófilos”, que infernizaram a vida de muitos (e deixaram cicatrizes profundas e incuráveis), por esse mundo afora.
Aqui, especificamente, a história é centrada no “cardeal” americano Bernard Law (evidentemente que um dos eleitores do Papa) que, mesmo tomando conhecimento dos hediondos crimes praticados em sua Diocese (Boston/EUA), prefere apenas (e irresponsavelmente), transferir os acusados para outras paróquias distantes (onde continuaram a fazer e praticar a mesma sujeira, sem serem importunados).
Com a estrondosa repercussão do caso pela Imprensa, o advogado finda por conseguir permissão da nova Juíza para acessar os sigilosos documentos, mas descobre, também, que não pode processar a “instituição Igreja”; toma, então, uma decisão inédita: direciona seu foco para o próprio “cardeal” Bernard Law, exigindo sua presença no tribunal.
Isso marca intensamente a intimidade da própria Igreja, a ponto de, numa ação sem precedentes, 58 padres de Boston se reunir e enviarem uma carta ao “cardeal” Law, pedindo sua renúncia.
De pronto (e entre quatro paredes), o advogado das vítimas é convidado pelo representante da Igreja a firmar um “acordo”, que lhe permitirá “indenizar” os clientes que haviam sido prejudicados pela leniência de Bernard Law; uns, mais necessitados, aceitam de pronto, enquanto outros terminantemente recusam, já que o objetivo era o de levar o “cardeal” a júri popular, com reflexos na própria atuação da Igreja.
Fato é que, em razão da insuportável pressão popular, o “cardeal” Law finda por publicamente pedir demissão ao Papa João Paulo II, esperando que sua renúncia "...ajude a curar a ferida e trazer, para a arquidiocese de Boston, a reconciliação e a unidade que são extremamente necessárias" (uma “meia-vitória” das vítimas, já que evitou o julgamento).
Mas, como na Igreja impera a corrupção e o desmando, o (agora) “ex-cardeal” Bernard Law foi transferido pra Roma e (apesar das mostruosidades admitidas) nomeado pelo amigo João Paulo II para uma função de confiança, no Vaticano.
Vale a pena conferir. Um grande – realista e esclarecedor – filme. 
 

Fonte: http://cariricult.blogspot.com/

sábado, 5 de novembro de 2011

Singularidades do Pé de Serra de Barbalha - Por:Antonio Carlos Cordeiro



O tempo com sua incontida fluidez produz cicatrizes indeléveis no âmago existencial de cada pessoa. Hoje, sentado defronte a interface do computador, fui interpelado por reminiscências nostálgicas de remotos anos pueris, que não foram subtraídos pela distancia cronológica que separa aquela era da contemporânea. Tempos idos, benéficos, que de fato constituíram o caleidoscópio informativo do ser que ora transcreve fatos outrora vividos. Parte desta história teve seu curso no fulcro de um lugarejo chamado de Sitio Formiga, na zona rural de Barbalha; nas adjacências do povoado do Caldas.
Tenho convicção que minha personalidade fora constituída durante todo o período que lá vivi; cuja vida simples traduzia alteridade, entre aquela gente que mantinha a teoria comunista em gestos concretos, sem jamais ter ouvido falar em Karl Marx ou Frederick Engels. As casas eram construídas próximas umas das outras e, em regime de mutirão; feitas de taipa (armadas com varas e amarradas com cipós, que se prendiam as forquilhas centrais e laterais que erguidas davam sustentação ao teto). Com a estrutura da casa concisamente erguida; no sertão, tinha-se o hábito de reunir homens para tapar de barro a inédita residência pertencente ao mais novo casal do lugar. Primeiro acontecia cobertura; outrora de palha de palmeira de coco babaçu, posteriormente marcava-se o dia do ritual comunitário da “tapação” da casa.
O domingo era o dia ideal, sobretudo por conta da feira que acontecia sempre aos sábados, sendo oportuno para a compra de boa cachaça produzida em Barbalha, para animar os homens que estarão ocupados com a faina de traçar o barro com os pés como se estivessem a dançar, deixando no ponto para tapar toda a casa. Um bode ou um porco era abatido para servir de “tira-gosto” para todo aquele pessoal.  Luiz Gonzaga fala de forma musicada da sala de reboco típica do sertão nordestino de outrora.
O cariri era outra realidade a três ou quatro décadas precedentes. Particularmente porto sensível lembranças das famosas renovações do Sagrado coração de Jesus, que era cultuado em todo rincão caririense. Ora, quem casava, já tinha por tradição fazer à consagração da casa e  nova família a proteção inequívoca do Coração de Jesus e de Maria. No dia celebrativo era tempo singular de reunir a parentela próxima para um jantar de confraternização.  Os familiares vinham logo cedo, inclusive outros que residiam em localidades mais distantes, chegavam cheios de regozijo, sobretudo os rapazes e moças para participarem do dia festivo em busca de possíveis romances. Aliás, antes do dia, havia a visita as casas do povoado; feita pelo novo casal, a convidar as famílias para tomar o café do santo, logo após a reza da renovação. O convite feito uma vez, já serviria para os anos seguintes, pois o culto aconteceria sempre naquela data livremente escolhida pelo casal.
O curioso era a mobilização que acontecia no momento da reza, posto que a mulheres entoavam hinos de louvor e jaculatórias, haja vista liderada por uma senhora escolhida pela comunidade cognominada por “tiradeira de renovação”. Esta mulher tinha um tratamento especial, sendo-lhe colocado um travesseiro aos pés da mesa do santo para que genuflexa, seguisse todo o ritual em posição uniforme. Os homens ficavam próximos a porta, raramente alguns entravam, todavia retiravam os chapéus em sinal de reverencia e respeito e mantinham-se em silencio. Quando concluída a oração final e direcionados os “vivas” a todos os santos impetrados na parede da casa, seguia-se com o habitual café, que pela hierarquia patriarcal, primeiro se servia aos homens, depois mulheres, moças e por fim as crianças. Ninguém ficava sem provar do simbolismo do ritual, pois o dono da casa saia porta afora, a convidar todos os convivas, para que ninguém fosse excluídas das iguarias postas a mesa para serem degustadas.
Incontáveis eram os momentos vividos por nosso povo no sitio supracitado. A diversidade de eventos proporcionava relevantes encontros, basta ver a singularidade da casa de farinha para aquele lugar.  Que felicidade ver os animais chegarem com os “caçuás” lotados de mandiocas, e colocados no chão próximo ao forno; se formar uma roda de mulheres e moças para retirar a casca da mandioca e deixá-la pronta para ser triturada e prensada; depois tornada massa ser quebrada e conduzida ao forno, tornando-se posteriormente farinha de fina espécie. A noite inteira, desde a raspagem da mandioca, até o momento de quebra da massa, se contava histórias, havia muitos flertes entre moças e rapazes, que só retornavam para casa altas horas da madrugada.
Aquela região desnuda da tecnologia moderna, sem a fantástica iluminação elétrica, dava vazão a criatividade sertaneja para tornar as noites de luar mais dinâmicas. Na época do estio, sempre vinha para a comunidade um tocador de rabeca deveras cego, cuja habilidade com o instrumento era singular, e com embargada voz, cantava cordéis de memória, sendo rodeado por toda a gente, que lhe pedia as histórias preferidas como: O Pavão misterioso; As três princesas encantadas; A donzela Teodora, dentre outros que compunham o repertorio musical do artista.  Este contexto histórico pitoresco deixou latentes fatos marcantes, que perdurarão pelo resto da vida no arquivo mental de toda pessoa que ainda sobrevive, posto que grande parte daquela gente apenas compõe parte da memória do supracitado povoado.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ALGUNS CONCEITOS DE CULTURA


CULTURA ERUDITA: Foi denominada de cultura letrada até o século XVIII. Era uma cultura marcada por traços religiosos, onde foi principalmente disseminada pelas escolas, monásticas, catedráticas e universidades, sendo também conhecida como cultura eclesiástica ou clerical, pois durante todo este tempo, a cultura escrita era monopolizada pelos membros da hierarquia eclesial.

CULTURA POPULAR: Também denominada de cultura laica ou folclórica. Na Idade Média, chamavam-na de cultura “vulgar”, pois a origem destas palavras para os medievos dava significado a tudo aquilo que não era clerical. A cultura popular surge mais espontaneamente e de forma mais direta expressa à mentalidade da época. Está sujeita a menos intermediações, tem menos regras preestabelecidas e se diferenciava dos valores e práticas oficiais.

CULTURA INTERMEDIÁRIA: Surge da simbiose entre a cultura erudita e a cultura popular. A permutação existente entre estes dois pólos é que dar forma a cultura intermediária, pois esta passa a ser praticada por todos os membros que constituem uma dada sociedade. É denominada como conjunto de crenças, costumes, técnicas, normas e instituições conhecidas  e aceitas pela grande maioria dos indivíduos de uma sociedade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

SACRALIDADE / RITUAL

      Sacralidade é toda uma realidade compreendida como sagrada. Esta comporta nas entrelinhas uma dimensão sobrenatural, que está velada por crenças e sentimentos que tornam objetos, monumentos, patrimônios - simbolos sensíveis envoltos por poderes divinos e divinizantes. Neste caso, a sacralidade torna o fato concreto, portador de forças transcendentes, onde o invisível se traduz por intermédio do sentimento de fé pessoal e coletiva, que se manifesta nos objetos sagrados ali presentes.
    Rituais são as práticas religiosas que servem  para interpretar as coisas do além a se tornar manifestas naquele momento sagrado. Os rituais ligam o homem, ser imanente a Deus, ser transcendente; sendo um veículo exclusivo para que as forças sobrenaturais possam se tornar "sensíveis". Os rituais são celebrações de fé, onde a  gratidão, a petição, o contrato, se tornam manifestas, numa sintese de sentimentos, em que homem e divino se fundem numa mesma realidade humano-divina.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Transcendência Religiosa

       É a capacidade de superar os limites normais, adjetivo que pode ser a entidades de diversas naturezas. Conceito em que Deus pode estar próximo ou muito distante de determinado sujeito. È pela transcendência existente no homem, que ele tem  conhecimento de Deus como uma possibilidade natural, pois Deus,  é o fundamento dessa transcendência. Cada homem, na sua consciência, sabe que tem que se haver diretamente com Deus.
        A transcendência é estabelecida no homem como um dom de Deus, determinada pela autocomunicação ontológica da natureza espiritual de Deus, dada como a sua imagem a todo e cada homem, para que o homem possua aptdão de conhecer e amar a Deus. È conhecendo, amando e escolhendo a Deus, que o homem viverá na graça de Deus, sendo esta graça, como que uma preparação temporal que possibilita ao homem receber, na sua consumação em plenitude,  a autocomunicação perfeita de Deus em glória.

domingo, 30 de outubro de 2011

RESENHA DO FILME NARRADORES DE JAVÉ


 NARRADORES DE JAVÉ

O filme Narradores de Javé, de Eliana Caffé, conta a história de um povoado fictício denominado Javé, que está prestes a ser inundado por via da construção de uma hidrelétrica. Nestas circunstâncias os moradores do pequeno lugarejo, ameaçados pela hipótese de perder tudo o que ali se havia construído no decorrer de toda uma vida, de suplantar todas as suas reminiscências e deixar para trás a sua própria identidade quanto ao seu lugar de origem, entram em “parafusos”.
            Neste dado momento, um senhor já de idade dá uma idéia. “Não inunda se virar coisa importante, patrimônio”. Como assim patrimônio? Todos queriam saber como e de que forma isto poderiam ser feito. Estavam todos curiosos e fariam de tudo pra que não pudessem de forma alguma abandonar o pequeno lugarejo. Mas pra que Javé pudesse se transformar em patrimônio histórico fazia-se necessário que houvesse documentado de alguma forma toda a história da cidade, principalmente o histórico da sua fundação. Mas como se faria isto se Javé era um lugar tão pequeno, que nem existia no mapa?
            O Próprio mentor da idéia sugere que seja escrito em um livro a historia do lugar. Mas como se faria isto se em Javé todos eram analfabetos? Eis uma preocupação! Mas havia alguém que poderia ajudar. Antônio Biá era o carteiro da acanhada cidadezinha, e este havia sido degredado de exercer o seu ofício diário – pois consta num dos episódios do filme que Biá escrevia cartas em nome dos moradores de Javé por sua própria conta, para manter a sua profissão e continuar trabalhando. Porém a atitude incorreta de Biá é descoberta e este definitivamente é impedido de exercer o seu trabalho.
            Os habitantes de Javé vêem que esta é uma forma de Biá se redimir. E é incumbida a ele a missão de escrever o referido livro que futuramente seria o documento oficial usado para tombar e salvaguardar o pacato lugarejo como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
            É neste momento que ingresso com uma das discussões que trata este ilustre filme – a relação entre o oral e o escrito. No filme Biá é conhecido como dado a florear as coisas, a enfeitar, distorcer os fatos, a usar da sua subjetividade. Deste modo pode se pensar no papel do historiador, que de certa forma usando da sua subjetividade constrói conjecturas e interfere direto ou indiretamente na história.
            Tendo como base a história de vida dos moradores de Javé e principalmente o relato oral de memória dos mais velhos, pra que estes possam contar como se deu a gênese do lugar, o que na história é chamado de “mito de origem” entra o papel de quatro personagens principais que de acordo com os seus relatos, foram os seus antepassados que fundaram a cidade. Cada qual conta a história a sua maneira de forma que sejam reconhecidos como sendo parte da casta do fundador da cidade de Javé. De acordo com as personagens, cada qual defende a sua narrativa como sendo veredicta. Desta forma percebe-se aqui que há uma disputa de memória.
             O primeiro entrevistado relata que o fundador foi Idaléssio que veio se fixar no lugar com a sua gente na época do ouro que sendo este vencido numa disputa pela conquista de território sai fugindo com a sua família e seu povo e vem habitar em Javé. Percebe-se aqui o intrometimento de Biá na tentativa de modificar a fala do entrevistado, segundo ele, “fugir não é algo digno” porque não “sair em retirada, em marcha ré de cara pro inimigo”. Este não é o único momento em que acontece de Biá dar controvérsia a fala dos personagens. Já Maria Dina diz que a instituidora do lugar foi uma mulher. Javé, segundo a entrevistada era uma comunidade matriarcal e que supostamente a fundadora fazia parte dos antepassados da personagem.
            O terceiro entrevistado é Firmino. Este faz um relato similar ao do primeiro entrevistado, só que discorda no momento em que Idaléssio saiu fugindo com o seu povo. Ele diz que saiu em retirada, confirmando com a suposição feita por Biá. Desta forma nota-se aqui a constante disputa de relatos, e as varia0ções e aperfeiçoamento pelo quais estes são submetidos.
            O quarto entrevistado é Pai Cariá outro personagem de origem africano, diz que foram os seus antepassados que fundaram Javé e faz o relato de toda a história sendo cantada no idioma de seu povo. Desta forma o nome do fundador se assemelha aos nomes cognominados pelos outros personagens. Idaleco este é o nome e a narrativa prossegue até que este se cala, pois se vê impedido pelas idéias e palpites que propõe Biá durante todo o contexto da história.
`           O filme ainda prossegue com outras entrevistas, outras histórias, porém as quatro que foram aqui destacadas discutem o que já fora supracitado nas linhas anteriores – “o mito de origem”.  É bastante interessante a história de Javé, pois o filme se encontra  eivado de vários aspectos bíblicos. A começar pelo próprio nome da localidade e  a maneira como este é inundado, o que evoca a passagem bíblica do dilúvio. Nesta circunstância observa-se que como no livro do Gêneses tudo parte de um mito de origem, de como se encontrou explicação para que os fatos fossem acontecendo. Em Narradores de Javé, as narrativas acontecem de forma semelhante e que explica o mito de origem da acanhada cidadela.
            Outro aspecto que podemos destacar no filme, é como este, através dos relatos orais das personagens, se aproxima tanto dos aspectos da tradição oral quanto da história oral. De certa forma, não podemos deixar de se colocar evidências com a história oral, sendo assim podemos enfatizar a história de vida de cada morador, e um dos aspectos que se evidencia nas narrativas orais é que esta por excelência resgata informações não registradas, mas que permanecem na memória e nas práticas do cotidiano.
             A tradição oral, que é algo que se nota com preponderância nas entrevistas concedidas pelas personagens, pelo simples fato de se está evocando para o momento presente as práticas sociais, culturais e religiosas de um grupo e que estas consistem na identidade, sobrevivência e consistência deste grupo. Estes são aspectos que se pode observar em quase todo o percurso do filme através dos relatos memoráveis dos entrevistados.
            Voltando ao que discutíamos a princípio – a relação entre o oral e o escrito, é chegada a hora da pronta entrega do livro, Biá se omite e pede que um garoto possa fazer a entrega do mesmo. Para surpresa dos moradores as páginas do livro permanecem em branco. Talvez Biá tenha entrado em parafusos com a complexidade de tudo que lhe fora relatado, e decidiu, não por querer, mas porque convinha deixar que tudo fosse oralmente expressado, já que passando da forma oral para o escrito, ele estaria dando limitações à complexidade do oral que se torna tão substancial nas reminiscências e memórias de cada indivíduo.
           

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Adventismo na Região do Cariri


 O Adventismo na Região do Cariri

No Ceará, os primeiros adventistas que estiveram nesta região foram os colportores (pessoas que vendem literaturas referentes a vários temas como: saúde, drogas, educação e religião). A princípio esses colportores junto com o pastor Rubens Lessa decidiram vir evangelizar aqui na região do Cariri.
Ao chegarem a Barbalha viram uma grande placa que dizia: “Atenção senhores protestantes: Barbalha de Santo Antônio já se acha evangelizada.”, lembra o pastor. Eles decidiram começar o trabalho em Crato não porque tiveram medo da reação do povo em Barbalha, mas o plano era começar pelo Crato, que era uma cidade grande, de cultura elevada, sem preconceito religioso e muito bela. Uma publicação de 1958 de José de Figueiredo filho faz uma apologia a belíssima cidade: “O Crato teve importante papel na história do Ceará, como possuidor de importantes estabelecimentos de ensino e de grande riqueza cultural”.
O Cariri sempre foi uma região privilegiada por ser um vale verde com muitos mananciais de água, balneários, uma chapada extraordinária que faz toda a beleza do lugar e teve reconhecida oficialmente a primeira Floresta Nacional, a FLONA-ARARIPE. Se destacou principalmente em relação a educação, sendo que na cidade de Crato foi fundada a primeira faculdade de Filosofia. Também o Cariri se destaca por conter uma grande religiosidade popular, especialmente herdada por pessoas que marcaram a história do lugar, especificamente a história de Juazeiro, Crato e Barbalha.
 Entre as pessoas que marcaram a narrativa histórica da cidade e contribuíram na construção da religiosidade estão: Frei Carlos de Ferrara, que sua historiografia de vida está ligada a cidade de Crato, especificamente a Igreja deste lugar, aos povos nativos que ali viviam e a formação da cidade. O Padre Cícero, fundador da cidade de Juazeiro do Norte, o qual se tornou santo popular ainda em vida, pessoa de muita bondade, um líder religioso muito prudente e Juazeiro não seria hoje o que é se não fosse o Padre Cícero. Ícone da religiosidade do Povo Caririense. E Padre Ibiapina grande pregador da palavra de Deus, percorria todo o Nordeste em busca de ajudar as pessoas que tivessem maior dificuldade e que fez história na região do Cariri e em Barbalha, onde construiu uma casa de caridade e outras obras em favor do povo.
As três cidades supracitadas e todo o Cariri cearense possuem um povo bastante arraigado à fé católica. Pregar o protestanismo e fundar igrejas protestantes por essas terras foi bastante dificultoso, pois o povo não aceitava de forma alguma outro tipo de fé que não fosse o catolicismo. Muitos missionários que puseram os pés nesta região enfrentaram muitos obstáculos, a missão foi um tanto dificultosa, mas, mesmo em meia a tantas vicissitudes, continuaram firmes com o intuito de cumprir a sua missão.
Como já se sabe, o adventismo na região caririense também chegou por meio dos folhetos, leituras voltadas para a educação e também pela literatura bíblica. Tudo teve início com os colportores que vendiam livros por esta região, em parceria com o pastor Lessa e alguns obreiros decidiram fazer um evangelismo no Crato. Procuraram alugar um salão, mas não acharam nenhum local disponível, pois todos estavam “cheios de rapaduras”. Como não acharam salão no Crato, decidiram fazer o evangelismo em Juazeiro do Norte, pois lá no centro da cidade havia um cinema que estava fechado. Alugaram então o local e começaram o evangelismo lá, através de reuniões e de conferências.
As primeiras dificuldades que tiveram pela frente estavam principalmente ligadas a figura do Padre Cícero, fundador da cidade e considerado santo na mentalidade popular. O santo padre é reverenciado por multidões de romeiros que vêm das mais distantes partes do nordeste e de todo o país. Juazeiro é considerada a “cidade santa”, a “Meca do Nordeste” assim mencionadas em várias obras de autores ilustres como Ralf Della Cava, e José de Figueiredo Filho, entre tantos outros. È uma das cidades que concentra grande multidão de peregrinos que acreditam no santo milagreiro, e se deslocam constantemente a Juazeiro em busca de alento e salvação. Crentes de que a fé no Padre Cícero pode mudar as suas vidas.

“Portanto, as peregrinações aos “lugares santos” são destino de concentração da expressão máxima de crentes e passa a ser motivo de deslocamento de uma imensa massa de viajantes, que buscam através da fé, a esperança, o milagre, a superação de sua infelicidade, a cura emocional e a materialização dos desejos de amor, perdão e misericórdia. O santuário, o local sagrado passa a ser visto e definido como um lugar privilegiado de evangelização e de libertação”. (DIAS, 2004. p. 98)

Apenas 24 anos após a morte do padre Cícero (1958) foi feita a primeira tentativa oficial de evangelizar Juazeiro do Norte com a mensagem adventista. O evangelismo começou no segundo semestre de 1958.
O público de classe média era formado por crianças, jovem e a maioria adulta. O evangelismo começou num sábado a noite seguiu no domingo, terça e finalmente quinta. Quatro reuniões por semana. Nos três meses que se seguiram foram realizadas mais de trinta reuniões. Tudo levava a crer que ao final uma igreja seria estabelecida, a julgar pelo interesse das pessoas. Mas no último domingo, à hora da missa o padre fez um pronunciamento: “Se o padre Cícero fosse vivo não deixaria os protestantes invadirem a cidade”. A freqüência às reuniões do evangelismo incomodou e feriu o domínio que os católicos tinham sobre a cidade que outrora era total. Como efeito do pronunciamento a assistência ao evangelismo caiu significativamente constando apenas um pequeno número de pessoas. Esses remanescentes permaneceram até o final do evangelismo. A ação da igreja Católica não ficou nisso. Houve uma concentração na Praça Padre Cícero com discursos inflamados.
Segundo consta na obra de Diniz, só não houve um acontecimento trágico porque naquela noite à recepção do evangelismo, chegou um senhor que nunca tinham visto e avisou: “Olha, lá na praça tem cerca de três mil pessoas e eles vêm para cá acabar com vocês.”. Rapidamente despediram o povo e fecharam as portas. A multidão chegou armada de paus e gritava ininterruptamente palavras de ameaças a ponto de fazerem os missionários temerem. Alguém, vendo que poderia ocorrer uma tragédia, foi avisar à polícia, que veio em um Jipe e os levou para casa.
A multidão se dispersou, mas o ódio permaneceu em seus corações. Nas noites seguintes seu alvo foi a casa onde se hospedavam os evangelistas. Segundo Diniz, jogavam pedras grandes, colocavam fezes embaixo da porta. Até mesmo o dono da casa que havia locado o imóvel onde se reuniam sofreu essa última agressão, tendo seu comércio sido também alvejado por fezes, em represália por, mesmo sendo católico, ter locado uma casa aos protestantes. O caso foi comunicado ao secretário de segurança do estado, que veio falar com os padres. A partir daí a perseguição de caráter físico cessou e eles terminaram a conferência em paz.

“Era difícil ser crente em Juazeiro... por muito tempo... era difícil realizar cultos ao ar livre. Quase sempre eram interrompidos pelos fanáticos. Multidões chegavam de repente e começavam a chingar os crentes. Jogavam areia, pedras ou qualquer coisa que encontrassem. Ás vezes era necessário a presença de policias militares. Apesar das perseguições, os crentes não deixavam de pregar o evangelho por toda a cidade”. (DINIZ, 2008.p. 31)

Antes de vir pregar em Juazeiro do Norte, muitos missionários foram advertidos de que embora o vale do cariri tenha algumas cidades grandes seria muito difícil porque o povo é fanático pelo padre Cícero. Alguns foram desencorajados de vir porque sairiam em pouco tempo.
A oposição vinha dos líderes religiosos católicos, os quais tentavam a todo custo, afastá-los e expulsá-los da cidade. Segundo Diniz, o clero fazia muita pressão sobre quem trabalhasse para os missionários ou mesmo quem lhes vendessem alimentos ou ajudassem de qualquer forma. As formas de perseguição eram variadas, mas, duas se destacavam: O padre insuflava uma multidão para interromper seus cultos ou conferências; e grupos diferentes se organizavam por conta própria e perseguiam os crentes. Apesar das perseguições, os crentes não deixavam de pregar o evangelho por toda a cidade.
No nordeste, pregar publicamente uma doutrina não muito popular era temerário. Pois, além de sofrer insultos, ameaças e agressões físicas, havia igrejas evangélicas que se opunham fortemente à mensagem adventista. Apesar dessas dificuldades, a mensagem adventista conseguiu penetrar a região do cariri, conquistando muitos adeptos. A Igreja Adventista do Sétimo Dia na região do Cariri conta hoje aproximadamente com 1500 membros, distribuídos em 27 congregações.
 Para tanto saga da igreja adventista na região caririense é um exemplo de persistência em levar a verdade evangelizadora a um lugar onde o catolicismo se fazia e ainda hoje se faz forte. Mas naquela época a dificuldade era maior ainda, pois até então, em Juazeiro do Norte os que pretendiam pregar outro credo, eram bastante perseguidos e sofriam muitas ameaças e injúrias, tanto por parte dos adeptos do catolicismo – os fiéis – quanto pelos padres que insuflavam nas pessoas a aversão a outros tipos de crença, especificamente aos protestantes por durante o tempo da reforma, estes se puseram contra a Igreja Católica e seus princípios.
Porém, vistos que tinha uma missão a cumprir os missionários protestantes se agarravam a palavra de Deus e a fé que tinham de transformar a vida das pessoas que andavam por caminhos errantes e anunciar o tempo do fim, para que ainda houvesse tempo de purificar o corpo e a alma para a segunda vinda de Jesus Cristo. E este tempo estava cada vez mais próximo, visto que muitas profecias bíblicas que anunciavam o fim estavam acontecendo.
Durante a missão, muitas pessoas se converteram e aderiram a nova religião que chama atenção devido ao estilo de vida de seus fiéis e também por se dedicarem bastante à obediência aos dez mandamentos, principalmente ao quarto que se refere a guarda do dia do Senhor, onde todas as escrituras sagradas, apontam para o Sábado.

domingo, 14 de agosto de 2011

Senhora Santana - Umburanas - Ce

       Durante o mês de Julho o distrito de Umburanas esteve em festa, louvando sua eterna padroeira Senhora Santana. A Festa de Umburanas como é conhecida por todos os disitritos que compõem a cidade de Mauriti, é uma das maiores festas dos santos padroeiros deste lugar. E acredite, é a que mais rende dinheiro para a Diocese de Crato.
       Bem, a festa tem início no dia 16  de Julho, com a bandeira de Senhora Santana, que é conduzida pelos devotos as margens do riacho Umburanas, para que o mastro seja molhado nas águas do pequenino rio. O término a essa devoção se dá no dia 26 com a tradicional Missa de Senhora Santana e se segue com a saudosa procissão acompanhadas por milhares de pessoas advindas de todos os distritos mauritienses.
       A tradiconal festa, ocorre a mais de 100 na pequena capela de Umburanas e recebe visitantes de vários lugares do Brasil que vem no intuito de louvar a Santana e reecontrar seus familiares. Este ano a festa contou com mais de 3 mil devotos que animaram a festa dentro e fora da igreja participando das quermeces e apresentações culturais.
     A  festa de Santana em Umburanas é uma manifestação da cultura e religiosidade que emanam do coração do povo sertanejo. No próximo ano, participe da festa de Santana e prove da fé que encanta este povo.

Fonte: Comunidade Umburanas - orkut

Fonte: Comunidade Umburanas - orkut

Fonte: Comunidade Umburanas - orkut

fonte: Comunidade Umburanas - orkut

Fonte: Comunidade Umburanas - orkut

Fonte: Comunidade Umburanas - Orkut

Fonte: Comunidade Umburanas - orkut

sábado, 13 de agosto de 2011

OS EX-VOTOS DE JUAZEIRO DO NORTE - CE


Nos relatos por meio dos bilhetes em agradecimento de curas no milagre, obtidos especificamente por doenças físicas atípicas do corpo humano e outras graças existentes na Casa dos Milagres em Juazeiro do Norte, alguns chamam a atenção pela experiência de fé expressa pelo fiel, que envolto pela crença intrépida no Padre Cícero, encontra nele o acalento para suas dores cotidianas.
A fé é uma experiência pessoal e intransponível. No caso de Raimundo Augusto da Silva, a sua mãe se tornou mediadora, pois vendo o filho pequeno e doente, sobretudo desenganado pela ciência terrena, busca solução na intervenção divina, valendo-se da fé autentica para salvá-lo. O mais curioso é que a fé devota, para o fiel não basta para que a cura aconteça – carece de permuta, de favores entre o necessitado da graça e o santo protetor.  A promessa se torna de fato um contrato, pois quando valida pela intercessão do santo, o cumprimento da mesma é feito sem reservas e neste caso, pagá-la é uma lei santa que não pode ser revogada. Sendo assim relata em um bilhete emoldurado, que não data ao certo a época em que foi trazido o objeto da permuta pela graça.
 “RAIMUNDO AUGUSTO DA SILVA, nasceu em 9 (nove) de Julho de 1950, muito doente. Ficou em constante tratamento durante 1 (um) ano e 8 (oito) meses e mesmo assim foi desenganado por todos os médicos. Nessa ocasião fiz uma promessa a Bendita Alma do Meu Padrinho Cícero Romão Batista, de que se meu filho sarasse, eu contaria a estória do milagre, num quadro com duas fotos, uma da época da doença e outra depois de curado, emolduraria e colocaria no pé da estátua do santo Pe e para a minha alegria ele se recuperou imediatamente, ficando completamente curado[...]. Assim sendo, agradeço a graça recebida e cumpro a minha promessa”.
A senhora Maria Socorro da Silva, foi contemplada pela cura inequívoca do filho, e assim sem hesitar cumpriu o prometido e sacralizou ainda mais sua relação com o santo de sua devoção. Não importa neste caso, explicações da ciência médica para o fato, o que se constata por meio desta mensagem é a experiência de fé intocável desta senhora que, dispensa os dados científicos para explicá-la. Ela agradece cheia de fé, ao feito que para ela se tornou marco histórico e digno de anuncio para os que assim queiram apreciar seu testemunho. 
 “Assim sendo, agradeço a graça recebida e cumpro minha promessa. Por ser verdade o que aqui relato, assino o presente documento, eu a mãe do mesmo e deixo meu endereço, para que qualquer pessoa interessada em verificar a veracidade dos fatos aqui relatados, possa fazê-lo”.
         São muitas as graças concedidas e que seguem agradecimento nos bilhetes, juntamente com os ex-votos dependendo da graça, ou em envelopes que são deixados em caixas, cestinhas confeccionadas de material de palhas e outros são deixados aos pés da imagem do Padre Cícero no interior da Casa dos Milagres.
Em outro bilhete que encontramos datado de 21 de Julho de 2006, nos chama a atenção a gratidão da fiel que se configura nos incontidos agradecimentos pela presença espiritual, do santo sobremodo, porque este esteve presente no momento em que se entrelaçavam pelo sacramento do matrimônio. É notória a convicção religiosa da cristã que pede a intercessão do Padre Cícero para a proteção familiar, sobremodo do seu filho. O Testemunho escrito realça o contrato com o santo, que portado de prestígio diante de Deus, tem o poder de favorecer a devota com graças inefáveis. No relato, a mulher se remete diminuta, pecadora, por não ser tão reta perante Deus, e pede de forma complacente para que seu filho não venha a pagar pela vida desregrada segundo a sua compreensão, praticada pela mesma no passado. Ela acredita que a herança do pecado produz efeitos mórbidos na própria posteridade familiar. O Padre, enfim, tem o poder de imunizar seu bebê livrando-o dos males hereditários. Assim relata:
“Primeiro gostaria de agradecer a presença no meu casamento, fiquei honrada com a sua presença, me senti muito feliz e calma, (...). E venho também por meio desta Carta te pedir mais uma graça, essa a mais importante de todas, a SAUDE do meu bebê. O senhor é o padrinho dele e como presente eu gostaria que o senhor desse a ele uma vida saudável, ele merece. Eu cometi muita bobagem o que ele não merece pagar. Se tiver seqüelas que tenha pra mim. Sei que posso contar com o senhor meu Padim Ciço  e já agradeço por que sei que o senhor vai me ajudar no meu parto que será logo, logo(...).  E estou ansiosa esperando sua presença no dia do nascimento  do meu bebê. Eu entrego a saúde do meu filho em suas mãos e sei que vai dar tudo certo”.
 Também pode se verificar que a mulher manifesta um “complexo de culpa” por sua vida precedente e além de interceder pela vida do filho, ainda propõe ao Padre Cícero o apadrinhamento para ratificar ainda mais a proteção inequívoca do mesmo. O contrato se estabelece no ato da promessa, pois a mulher já manifesta sua fé autentica, que traduz a eficiência milagrosa do Padre Cícero. Ela fala que sentia a presença do santo no dia do casamento e já tem certeza no dia do parto que tudo transcorrerá dentro da normalidade.
É notório neste relato a preocupação concreta com sua vida conjugal e familiar e impossibilidade sem o auxílio divino de prever o seu próprio futuro, e ancorada na intervenção miraculosa do Padre, tudo será encaminhado de forma profícua. Contudo, mesmo crendo na epifania da ação do santo, a promessa se consumará no seu cumprimento por parte do santo, quando da graça alcançada e manifesta em sinal de retribuição a graça alcançada.
Neste outro relato, a felicidade do devoto se concretiza na cura tornada fato, tendo como foco a família Kress, que constatou a reabilitação extraordinária da saúde de Eugen. O fato foi que a perna deste esteve prestes a ser amputada, e que ao interpelar a alma do Padre Cícero por intermédio de uma promessa sente o seu pedido ser atendido sem reserva pela Bendita Alma do Santo protetor. A Cura neste caso já não podia ser efetivada pela medicação humana, pois a diabetes crônica já postulava a amputação posterior de um dos membros inferiores do senhor Eugen. Nesta circunstância, entra em sena, a fé indiscutível da esposa, que não perdendo as esperanças intercede convictamente e sente com o coração que aos fiéis do padre Cícero a solução está sempre presente.
             “A Família KRESS, residente no Rio de Janeiro, vem testemunhar, em nome de Deus, a graça alcançada pele intercessão da alma do Padrinho Cícero Romão Batista, pela recuperação da saúde  de seu esposo EUGEN, cuja perna esteve ameaçada de amputação por uma diabetes crônica. Fica este testemunho como prova da verdade”.
           O milagre se concretizou, fruto da fé, e do poder do Padre Cícero que como santo protetor, manifesta sua práxis miraculosa em situações aparentemente insolúveis, aos olhos da ciência. O testemunho escrito, segundo a devota, comprova o fato da manifestação poderosa do Padre Cícero, que curou de forma indubitável a enfermidade relatada.
           Pode se notar semelhanças entre o primeiro relato analisado com este último. De ambas as formas as devotas, fazem uma analogia involuntária entre a fragilidade da ciência puramente humana, que não consegue curar a enfermidade citada. A ciência divina, mesmo oculta aos sentidos externos, opera historicamente, restabelecendo a saúde por completa, onde a intervenção humana se torna limitada.